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Angola/Cafunfo: “Diálogo e repartição da riqueza em Cafunfo”

O estatuto político-administrativo da vila mineira de Cafunfo e os fatores que incitam de forma recorrente confrontos entre a população e as autoridades estiveram em análise esta terça e quarta-feira na província angolana da Lunda Norte. O Centro de Estudos para a Boa Governação – UFOLO, juntou os intervenientes do incidente ocorrido no dia 30 de janeiro que culminou com a morte de, pelo menos, seis pessoas.

O governador provincial da Lunda Norte, Ernesto Muangala, prometeu aos presentes melhorias nos serviços prestados, dizendo mesmo já haver verbas para o efeito. Mas recordou igualmente o princípio da solidariedade nacional:

“As riquezas de Angola servem para satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas, assegurar a realização da política económica e Social do Estado e proceder a uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza nacional. (…) O estado atual de desenvolvimento socioeconómico da província da Lunda Norte não pode ser dissociado do contexto nacional.”

A maior autoridade tradicional da região, Muathissegue Wa Tembo, disse que a exploração diamantífera representa para a população local a destruição das suas aldeias, de lavras e o desvio de rios sem qualquer respeito pelo meio ambiente:

“Queremos uma mudança através do diálogo. Esse diálogo rumo à riqueza dos diamantes, acessível a toda a população que aqui proponho hoje. Lanço o desafio às autoridades do Estado, às companhias de diamantes, a toda a comunidade das Lundas para desenhar um novo modelo de desenvolvimento local.”

Rafael Marques, promotor das Jornadas Sobre Cidadania e Segurança que decorreram na vila mineira de Cafunfo, é da opinião que uma definição político-administrativa promoveria o diálogo construtivo entre a população e o governo local:

“Cafunfo tem mais de 175 mil habitantes e não tem uma definição político-administrativa. Não é bairro, não é distrito, não é comuna, não é município. E como tal, a principal instituição do Estado nesta localidade é a esquadra policial, que tem muito poucos efectivos, e por conta disso, qualquer situação que ocorra aqui em Cafunfo é da responsabilidade primária da Polícia Nacional. E não deve ser assim!”

É daqui que são extraídos anualmente cerca de oito milhões de quilates de diamantes por ano que fazem de Angola um dos maiores exploradores de diamantes a nível mundial. Números que, segundo as autoridades tradicionais e sociedade civil, não se refletem na melhoria das condições de vida da população local.

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