A ONG Observatório para Coesão Social e Justiça (OCSJ) decidiu criar uma comissão de inquérito independente com o propósito de se apurar a realidade dos factos ocorridos a 30 de Janeiro último, na vila diamantífera de Cafunfo, na Lunda-Norte, em que vários cidadãos civis afectos ao Movimento do Protectorado Lunda-Tchokwé foram assassinados pelas forças da ordem, quando tentavam realizar uma manifestação de rua à favor da autonomia da região leste de Angola.
Em nota de imprensa enviada ao FMFWorld.Org, a organização defensora dos direitos humanos refere que, para que não se “perca mais uma vez o comboio da história, e em defesa dos mais desfavorecidos e no interesse social”, o Observatório para Coesão Social e Justiça (OCSJ), “decidiu tomar a iniciativa de convidar algumas organizações da sociedade civil e outras individualidades para participarem solidariamente na constituição da comissão de inquérito independente”.
Diante do “silêncio” e “ensurdecedor letargia” das autoridades angolanas, com vista ao esclarecimento dos “tristes acontecimentos” que abalaram a sociedade angolana no dia 30 de Janeiro do corrente ano, na localidade de Cafunfo, na província da Lunda-Norte, onde resultou a morte de um número considerável de cidadãos nacionais em circunstâncias ainda por determinar, a organização entendeu “tomar dianteira” para a realização do inquérito imparcial.
O “inquérito independente”, de acordo com a ONG para Coesão Social e Justiça, visa igualmente apurar os relatos de familiares das vítimas e ofendidos, que falam em actos de tortura, prisões arbitrárias, perseguições e violações de direitos humanos.
Segundo o OCSJ, a comissão de inquérito que está a ser criada, tem por objectivo trabalhar o apuramento da verdade sobre os acontecimentos “trágicos ocorridos em Cafunfo”.
“Logo um relatório final será elaborado e apresentado às instituições públicas e privadas, publicado para conhecimento público”, lê-se na nota de imprensa, que revela que “o Observatório para Coesão Social e Justiça também tomou a iniciativa de informar da constituição desta comissão de inquérito independente, ao Presidente da República, João Lourenço, algumas instituições do Estado e várias representações diplomáticas”.
Entretanto, o Governo angolano fala em seis mortos de membros do movimento que “queria invadir a esquadra policial em Cafunfo”, posição contrariada pelos responsáveis da organização que reivindica a autonomia das Lundas, que dizem terem registado mais de vinte pessoas assassinadas.
O maior partido na oposição em Angola (UNITA), num relatório divulgado à imprensa no dia 10 de fevereiro último, revelou ter dados que apontam para a morte de 28 civis supostamente massacrados e mortos por efectivos da Polícia Nacional (PN) e das Forças Armadas Angolanas (FAA).