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Angola/Cafunfo: Tribunal adia por uma semana julgamento de acusados de “ato de rebelião”

O tribunal adiou para a próxima segunda-feira o julgamento dos 25 arguidos alegadamente envolvidos nos incidentes em Cafunfo, Angola, incluindo o líder do Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), adiantou hoje o advogado de defesa.

Segundo Salvador Freire, que hoje esteve presente no tribunal da comarca de Chitato, no Dundo, capital da Lunda Norte, para as alegações finais, “à última hora” foi comunicado que o julgamento ficou adiado para a próxima segunda-feira.

“Não justificaram, apenas nos disseram que o procurador teve que sair para um município, razão pela qual adiou o julgamento”, disse Salvador Freire à agência Lusa.

O advogado salientou que o julgamento está na fase das alegações, seguindo-se a fase dos quesitos para ser feito o acórdão.

Salvador Freire disse acreditar que a sentença poderá ser ditada em “mais uma semana ou daqui a mais alguns dias”.

“Acreditamos que tudo vai correr da melhor maneira, porque mais do que nunca não se provou que estes são os líderes da manifestação e que o Zeca Mutchima foi quem organizou a manifestação”, frisou.

O líder do Movimento do Protetorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), José Mateus Zeca Mutchima, responsabilizado pelos incidentes em Cafunfo, que causaram mortos e feridos, a 30 de janeiro de 2021, está detido pelo Serviço de Investigação Criminal, desde 8 de fevereiro de 2021, indiciado pelos crimes de “associação de malfeitores e rebelião armada”.

Segundo a polícia angolana, cerca de 300 pessoas ligadas ao MPPLT, que há anos defende autonomia daquela região rica em recursos minerais, tentaram invadir, na madrugada de 30 de janeiro de 2021, uma esquadra policial de Cafunfo, e em defesa as forças de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas.

A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de uma dezena de mortos.

Zeca Mutchima é apontado pelas autoridades como cabecilha deste alegado “ato de rebelião”, que para os cidadãos locais era uma “manifestação pacífica”.

O Ministério Público (MP) angolano acusou Zeca Mutchima e 25 manifestantes envolvidos em protestos em Cafunfo, em despacho, pela prática dos crimes de ultraje ao Estado e seus símbolos e associação de malfeitores.

O despacho do Ministério Público refere que os coarguidos e outros, numa composição de 400 pessoas, pertencentes ao denominado MPPLT, munidos de armas de fogo, do tipo AKM, caçadeiras, flechas, ferros, paus, instrumentos cortantes, engenhos explosivos de fabrico artesanal, forquilhas (fisgas), pequenos machados, catanas e estátuas de superstição se deslocaram às instalações onde funciona a esquadra policial de Cafunfo, com o objetivo de a ocupar.

 

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