O centro de pesquisa sobre Angola CEDESA considerou hoje que as televisões TPA e TV Zimbo devem manter a cobertura das ações políticas da UNITA, deixando os tribunais apreciar o caso das agressões a jornalistas.
“A TPA e TV Zimbo devem reafirmar o seu comprometimento com a liberdade de imprensa e o pluralismo, abstendo-se de comportamentos violadores destes princípios constitucionais, deixando eventuais queixas e aflições para os Tribunais, não exercendo justiça privada sob a forma de retaliação”, lê-se num comunicado hoje divulgado, com o título ‘Liberdade de imprensa, direito e bom senso’.
A decisão da TPA e da TV Zimbo foi anunciada na segunda-feira, no horário nobre das duas estações televisivas estatais, com os respetivos pivôs a anunciarem a decisão das administrações dos dois órgãos de abandonarem a cobertura das atividades promovidas pela UNITA, não entrevistar os seus dirigentes nem outros responsáveis ou militantes e exigindo a retratação e desculpas públicas da direção do partido.
“Os recentes acontecimentos resultantes da manifestação promovida pelo partido UNITA no passado sábado, nos quais elementos de televisões foram alegadamente impedidos de realizar o seu trabalho e agredidos, devem ser encarados duma perspetiva institucional e com bom senso, distinguindo os vários planos”, afirma o CEDESA.
Para esta instituição de pesquisa sobre vários assuntos em Angola, “do ponto de vista da responsabilidade pessoal e criminal, compete às eventuais vítimas e seus empregadores acionarem os mecanismos legais ao dispor com vista ao ressarcimento dos danos e eventuais punições”, através dos tribunais.
Noutro plano, o institucional, o bom senso deve imperar, argumentam: “Por um lado, o partido organizador da manifestação, confirmando o ocorrido, deve apresentar as suas desculpas às vítimas e aos seus empregadores, garantindo que no futuro assegurará o livre exercício de liberdade de imprensa nas suas atividades”.
No sábado, durante uma marcha convocada pela UNITA, que juntou em Luanda milhares de militantes, simpatizantes e apoiantes desta e de outras forças políticas, bem como membros da sociedade civil, em prol de eleições justas e livres, os jornalistas dos canais públicos foram alvo de intimidação e ameaças.
O MPLA, partido no poder em Angola há 45 anos, apelou na segunda-feira à justiça angolana para chamar à responsabilidade os autores do “ato bárbaro”, que colocou em causa a integridade física e dignidade de profissionais da informação.
Angola tem eleições gerais previstas para 2022 e vive já um período pré-eleitoral marcado pelo crescendo de tensões entre o partido do poder, MPLA, e a UNITA que se juntou a outras forças políticas da oposição angolana numa Frente Democrática Unida para vencer a disputa eleitoral.