O Presidente da República, João Lourenço, defendeu o prosseguimento do combate à corrupção, em curso no país desde que assumiu a liderança do Estado angolano, a 26 de Setembro de 2017.
Em entrevista publicada terça-feira na edição online do jornal britânico Financial Times, João Lourenço rejeita estar a conduzir uma vingança contra Isabel dos Santos e afirma que o processo anticorrupção está a ser conduzido pelos tribunais e não por si.
Na mesma esteira, disse que ao nível do partido (MPLA) sempre houve o reconhecimento de que havia “corrupção, corrupção desenfreada. Isso tem sido falado há anos”.
O Chefe de Estado sublinha que “a diferença é que antes só havia conversa, mas nenhuma acção. E hoje está a ser travada em todos os níveis, contra os grandes e contra os pequenos”.
Regresso do ex-Presidente da República
Sobre o regresso ao país do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o Estadista angolano considerou o facto bom para todos, “não só para o nosso relacionamento, mas é bom para o país, é bom para o partido”.
José Eduardo dos Santos ausentou-se do país em Abril de 2019 e ao longo dos dois últimos anos permaneceu em Barcelona (Espanha). A excepção foi uma estada no Dubai, entre Dezembro de 2020 e Abril de 2021.
Sobre a empresária Isabel dos Santos, filha mais velha de José Eduardo dos Santos, o Presidente João Lourenço afirmou ao Financial Times que “quem não deve, não teme”, pois se “não tem nada a esconder, não tem nada a temer”.
A viver no Dubai, a empresária é alvo da justiça angolana.
Economia do país
Em relação à economia do país, na entrevista o Presidente disse que está a entrar num período de recuperação “depois da tempestade” e aponta para as projecções do Governo que estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) se mantém em linha com o de 2020 e um crescimento de 2,4 por cento em 2022.
Quanto ao peso da dívida de 120 por cento sobre o PIB, o Titular do Poder Executivo considerou ser “sustentável” e aponta para a melhoria da nota da Moody ‘s da dívida do país como um reconhecimento da seriedade do programa de reformas em curso.
“A nossa reforma deve ter dois objectivos principais, que são fortalecer o Estado democrático e de direito e implementar uma verdadeira economia de mercado”, frisou.
Estímulos ao sector privado
Segundo o texto do Financial Times, o Presidente João Lourenço refere que o sector privado deve ser estimulado por meio de um programa contínuo de privatizações para que possa funcionar como um motor económico.
Em termos de política energética, de acordo com o Chefe de Estado, a estratégia é procurar mais investimentos em combustíveis fósseis até que uma nova economia mais verde e diversificada possa ser construída.
Estamos a trabalhar, prosseguiu , para atrair um maior investimento na produção de petróleo, mas especialmente na produção de gás natural.
Adiantou que no capítulo das privatizações, a estratégia é tornar mais eficientes todos os activos que antes eram detidos pelo Estado e transferi-los para o sector privado para que produzam mais e melhores bens e serviços.
Em relação à privatização parcial da Sonangol e Endiama, descartou a possibilidade que aconteça no próximo ano, devido à sua reestruturação.
“Vamos colocar no mercado parte do capital dessas grandes empresas públicas. Contudo, o Estado continuará a ter participação nessas mesmas empresas, incluindo a TAAG, a companhia aérea nacional”, observou.
Quanto à possibilidade de o MPLA, partido no poder e do qual é líder, ter um resultado negativo nas eleições gerais previstas para 2022, o Presidente João Lourenço entende ser “muito remota, pois quem conhece o país compreende a resistência do MPLA”.