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Angola: Conferência sobre a “paz em Cabinda” alegadamente impedida pelas autoridades

Conferência para debater a situação da paz em Cabinda, marcada para o início da manhã deste sábado (07.05), foi alegadamente impedida pelas autoridades, que dizem que a organização “não tinha o processo todo legalizado”.

Os responsáveis das organizações estavam preparados para meter à mesa uma discussão aberta com vários intervenientes sobre o tema da paz na província de Cabinda, mas foram notificados pelas autoridades, apenas ontem (06.05), no fim do dia, de que não seria possível realizar a conferência.

O coordenador da Associação para o Desenvolvimento da Cultura dos Direitos Humanos (ADCDH) disse que se trata de mais uma manobra “bem conhecida” das autoridades locais.

“Fomos notificados ontem pelas autoridades de que não deveríamos realizar essa atividade porque, segundo disseram, a nossa  organização, a ADCDH, não estava legalizada. Infelizmente, fomos interpelados pela polícia junto do Serviço de Investigação Criminal (SIC)”, disse.

Organizações prejudicadas 

Alexandre Nkuanga Nzito diz que, neste momento, as organizações sentem-se prejudicadas porque já haviam convidado algumas individualidades que residem em Luanda. “Fomos prejudicados, obviamente, a olhar pelos custos de trazer convidados”.

As organizações denunciam que se depararam com várias dificuldades e, inclusive, foram notificados de que funcionários foram ameaçados, alegadamente por um agente do SIC, para não cederem o salão onde deveria decorrer a conferência.

A DW África tentou o contato com os funcionários, que negaram-se a prestar declarações, sob pena de sofrerem represálias.

Ativistas e convidados que integram organizações nas diferentes regiões de Angola lamentaram o ocorrido.

Rafael Morais, coordenador da organização não-governamental SOS Habitat – Ação Solidária, que fora convidado  para participar da conferência, mostrou-se desapontado com a situação.

“É lamentável a atitude das autoridades locais por impedirem uma atividade dessas, com um tema bastante interessante, sobretudo a olhar para a violência e os direitos humanos em Cabinda”, disse.

“O artigo 47 da Constituição faz menção ao direito de reunião e manifestação e, nesta conformidade, é inconcebível a atitude das autoridades locais” acrescentou.

Também Jeovanny Ventura, presidente do Núcleo de Ativistas em Cabinda, fala que “a ditadura em Cabinda não acabou. É sempre Cabinda com essas situações. Infelizmente, vamos de mal a pior”, disse.

As autoridades da província não prestaram quaisquer declarações aos órgãos de Comunicação Social em Cabinda sobre o ocorrido.

Entre os convidados para a conferência estavam o Padre Celestino Epalanga, Arão Bula Tempo, David Mendes, o Reverendo Ntony a Nzinga, William Tonet, Belchor Lanzy Taty, além de outros.

 

 

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