O aumento de crianças e adolescentes pedintes na cidade do Lubango, na província angolana da Huíla, está a preocupar alguns círculos da sociedade local. Fome e exploração por parte de adultos apontadas como causas do fenómeno.
Entre as crianças destacam-se as da tribo mwila, em regra provenientes dos municípios da Chibia, Humpata e Gambos.
O advogado José Manuel não tem dúvidas em relacionar este fenómeno à fome que grassa a região.
“Na minha humilde perspectiva quando se trata de fome devemos tentar no máximo nos despir de qualquer abordagem científica e extremamente legalista sob pena de cometermos alguns erros”, sublinha.
O administrador municipal dos Gambos, Elias Sova, admite que a debandada de crianças está associada à fome e teme pelo agravamento da situação nos próximos meses.
“Vamos imaginar quando chegarmos a Julho, Agosto, Setembro, o que será? Temos quede estar preparados para situações mais complicadas. A nossa posição é que a população não saia, há que se encontrar programas que possam reter as nossas populações nas suas localidades”, defende Sova.
Para o porta-voz da Polícia Nacional na Huíla, muitas das crianças da tribo mwila que estavam nas ruas a estender as mãos, para além da exposição adiferentes riscos, faziam-no na condição de exploradas, o que já permitiu a detenção de pessoas suspeitas.
“Da operação que a Polícia Nacional fez nalguns bairros da cidade do Lubango encontramos muitas crianças, mais de 300, em condições desumanas, a se alimentarem mal e efectivamente procedemos à detenção dos suspeitos implicados directamente nesta acção”, revela José Chimuco.
Por seu lado, o pastor Anderson, responsável do centro Criança Feliz, que no Lubango e noutras zonas de Angola acolhe menores vulneráveis, desencoraja a sociedade a alimentar estas crianças na rua.
“Se quer ajudar, pega essa criança e encaminhe para aqui ou transfira; se você quer ajudar procure as organizações vocacionadas para esse efeito e aí sim você pode fazer a sua doação”, apela aquele líder religioso.
O sul de Angola, há muito a sofrer uma forte estiagem, regista este ano a sua pior seca nos últimos 30 anos e, recentemente, várias organziações da sociedade civil pediram ao Governo central que declare estado de emergência na região para permitir a chegada de ajuda internacional.
A VOA tem relatado várias mortes devido à fome.