A Escassez de combustível leva muitos mototaxistas no sul de Angola a aglomerarem-se em filas intermináveis e muitos deles acabam por pernoitar junto aos postos de abastecimento enquanto esperam por uma oportunidade para abastecer, disseram à Lusa.
Na cidade de Ondjiva, capital da província do Cunene, sul de Angola, eram hoje visíveis dezenas de mototaxistas e automobilistas perfilando os seus veículos numa das avenidas mais movimentadas, queixando-se da carência de combustível.
“Está difícil o combustível, há muita enchente todos os dias, cheguei ontem as 20:00 locais e até hoje (cerca das 15:00) quase não consegui abastecer”, disse à Lusa o mototaxista Joaquim Francisco, no meio de um cordão interminável de motorizadas estacionadas à entrada de uma das bombas.
Com rostos cabisbaixos e agastados pela espera, os mototaxistas disseram que o cenário de carência de combustível em Ondjiva já dura há semanas, e, quando os postos são abastecidos, com camiões provenientes da vizinha província da Huíla, apenas as viaturas são “privilegiadas” em detrimento das motas.
Moisés Armando, mototaxista em Ondjiva, disse estar há quase 24 horas sem trabalhar em consequência da escassez de combustível na cidade.
“Cheguei aqui [ao posto de abastecimento de combustível] ontem às 18:00, até agora não consegui abastecer, a bomba foi abastecida agora, mas não nos permitem abastecer e nós continuamos aqui nesta fila sem saber quando chega a nossa vez”, lamentou.
Destino Gervásio, que também se dedica a esta atividade, contou à Lusa que desde terça-feira não consegue abastecer o seu motociclo e disse não existir qualquer explicação dos gestores dos postos sobre o fenómeno.
Manuel Pascoal, que exerce a profissão há dois anos, faz parte do grupo de jovens que já pernoitou em postos de abastecimento, e, quando falava à Lusa, manifestou descontentamento por não conseguir abastecer a sua motorizada de três rodas.
“O assunto está mesmo totalmente mau, não estamos a conseguir trabalhar, não estamos a conseguir desde ontem, não estamos a aguentar, uns dizem que não tem combustível, uns dizem que têm que priorizar os automobilistas”, lamentou.
Duas filas enormes, uma composta por automobilistas e outra por mototaxistas, que são a maioria naquela cidade, desenham o cenário à entrada das duas bombas localizadas na principal avenida de Ondjiva.
Além do Cunene, são frequentes as queixas sobre a carência de combustível em várias províncias de Angola, muitas vezes devido a atos de contrabando.
A Sonangol admitiu recentemente os constrangimentos, justificando com atrasos na cabotagem dos petroleiros.