Uma das peças relevantes dos chamados Luanda Leaks é a de que Isabel dos Santos desviou mais de 135 milhões de dólares da Sonangol para empresa de subordinados com a justificação de pagar serviços de consultoria. O dinheiro foi transferido para a Matter Business Solutions, com sede no Dubai, para que esta, enquanto entidade coordenadora do processo de reestruturação da Sonangol, pagasse serviços de consultoria.
Em Janeiro deste ano, o Consórcio Internacional de Jornalistas, que investigou o caso, referia que, embora existissem facturas dos serviços, estas apresentavam “informação muito escassa sobre os serviços de consultoria que terão sido prestados à petrolífera, levantando dúvidas sobre o controlo e a verificação dessas despesas pela empresa pública angolana”. Em causa estariam os actos de gestão praticados por Isabel dos Santos que foi presidente da Sonangol entre Junho de 2016 e Novembro de 2017.
Transferências pagam serviços prestados
Os serviços de consultoria foram pagos? A quem? As empresas contratadas emitiram facturas?
Estas perguntas têm resposta. O Negócios consultou documentos relativos a este caso e constatou que, efectivamente, foram transferidas verbas para o pagamento de serviços prestados no âmbito do processo de reestruturação da Sonangol.
Entre as empresas que foram remuneradas pela Matter Business Solutions, que tinha como directores Mário Leite Silva e Paula Oliveira (esta última também acionista), constam a Boston Consulting Group (BCG) e a PwC. Mas há mais. A McKinsey, a sociedade de advogados Vieira de Almeida, a Odkas, a Ucall e a Neves e Almeida foram pagas pelos trabalhos realizados para a petrolífera angolana e sinalizaram esse facto passando faturas.
As duas empresas que mais ganharam com os serviços prestados à Sonangol foram a BCG e a PwC, 31 milhões de dólares e 21 milhões, respectivamente. A McKinsey recebeu 15 milhões de dólares e a Odkas 11 milhões.