O Governo angolano defendeu hoje que os países africanos produtores de petróleo “devem seguir sua própria agenda” para a transição energética, “e não agendas de terceiros”, por existirem no continente mais de 100 milhões de pessoas sem energia.
O posicionamento foi apresentado pelo secretário de Estado dos Petróleos e Gás angolano, José Barroso, considerando que o mundo vive uma “fase crítica” da transição energética que deve ser feita “tendo em atenção as particularidades” dos países africanos.
“Nós não podemos seguir agendas de terceiros. Nós os países africanos produtores de petróleo temos que seguir a nossa própria agenda para a transição energética, nós temos em África mais de 100 milhões de pessoas que não têm acesso à energia, 600 milhões de pessoas que não têm acesso aos serviços básicos providenciados pela energia elétrica”, disse o governante.
“Portanto, devemos usar os nossos recursos minerais, e o petróleo e gás em particular, para ajudar os nossos países a desenvolver as suas ações e assim criar as melhores condições de vida das populações, incluindo o acesso à energia”, frisou.
José Barroso que discursava em Luanda, na abertura da terceira reunião dos presidentes e diretores-gerais das empresas nacionais africanas de petróleo e gás, defendeu que as empresas africanas têm a responsabilidade de executar políticas definidas pelos respetivos governos.
“De maneira a aplicarem as estratégias e definirem políticas internas que possam materializar todos os programas que têm sido discutidos, já há algum tempo, no conselho de ministros da APPO (Organização Africana dos Países Produtores de Petróleo), mas que infelizmente não têm sido realizados”, notou.
Segundo o governante angolano, em representação do ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, presidente da APPO, situações de natureza geopolítica têm oferecido aos países africanos produtores de petróleo oportunidades para desenvolverem suas economias.
Os “altos preços” do petróleo no mercado internacional, realçou, devem levar “a pensar que é urgente, nesta fase de transição energética, utilizar todos os recursos que advêm da venda desses produtos” para poder diversificar as economias.
“E, assim, termos países que num futuro próximo que não sejam totalmente dependentes de recursos petrolíferos como acontece hoje”, notou.
Enalteceu o estudo realizado pela APPO, sobre o futuro da indústria de petróleo e gás em África, que deverá ser levado a sério por todos, visando “materializar os objetivos de desenvolvimento muitas vezes adiado” dos países africanos.
“Temos que olhar para as questões de finanças, a tecnologia e também as questões de mercado, que neste momento apresentam-se favoráveis para os países produtores, mas devemos encontrar políticas equilibradas para que possamos também respeitar os direitos dos consumidores”, rematou José Barroso.
“Transição Energética, Desafios e Oportunidades na Indústria Africana de Petróleo e Gás” foi o lema da 8.ª edição do Congresso e Exposição de Petróleo Africano (CAPE VIII), realizado em maio passado, em Luanda, pela APPO.
A APPO, presidida por Angola, conta com 15 países-membros e cinco países observadores.