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Angola deve incrementar produção petrolífera para “1,2 milhões de barris/dia” com saída da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)

A Deloitte considerou hoje positivas as projeções da produção petrolífera de Angola para 2024, de 1,2 milhões de barris/dia, sobretudo devido à renovação de licenças dos blocos e à saída da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

As projeções da produção petrolífera angolana no decurso de 2024 foram apresentadas hoje à Lusa por Frederico Martins Correia, Partner da Deloitte para o setor de Energia, Recursos e Indústria, projetando um cenário animador para o setor, sem as limitações da OPEP, que Angola abandonou.

Segundo o especialista, que falou à Lusa a propósito do estudo “Oil & Gas Industry Outlook 2024”, a renovação das licenças da maior parte dos blocos que estavam em fim de vida, ainda com reservas por explorar, devem impulsionar a indústria.

“E isso é muito importante, porque garante que as empresas internacionais que tinham as licenças de exploração destes blocos vão manter-se no país, o que é desde já extremamente importante, quer pela tecnologia, quer pela credibilidade do país”, disse o responsável.

A transferência de conhecimento para os quadros angolanos, com a exploração dos referidos blocos por empresas internacionais, deve ainda alavancar os “standards” (padrões) de profissionalismo na indústria e os “standards” de ‘compliance’ (conformidade), o que é “bastante positivo”, apontou.

Frederico Martins Correia destacou também o “profundo trabalho” da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), concessionária angolana, na licitação de novos blocos, nomeadamente na Bacia do Congo, onde “foi bem-sucedida”.

“Temos também várias organizações nacionais a entrar como responsáveis ou líderes de grupos empreiteiros e operadores dessas novas licenças o que é também positivo, porque se, por um lado, vamos continuar a ter as empresas internacionais a conduzir os blocos principais, vamos ter também as empresas nacionais a terem a sua oportunidade de entrar na exploração de blocos”, argumentou.

A exploração dos campos marginais, afetos às zonas limítrofes dos blocos já em operação, também é um sinal impulsionador para a indústria petrolífera angolana em 2024.

“O que foi feito foi passar essa exploração às empresas que já estão a explorar o bloco principal junto a esses campos marginais e isso é muito positivo, porque as empresas de grande dimensão vão também poder explorar esses campos marginais”, realçou.

Para o responsável da Deloitte para o setor de Energia, Recursos e Indústria, sem as limitações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), cartel abandonado por Angola em dezembro de 2023, o país pode incrementar a sua produção para 1,2 milhões de barris/dia.

“Porque nós estávamos a fazer 1,6 milhões de barris/dia, a quota da OPEP era 1,1 milhão de barris e se tudo correr bem vamos poder atingir 1,2 milhões de barris e isso só era possível fora da OPEP, rematou Frederico Martins Correia.

De acordo com o estudo Oil & Gas Industry Outlook 2024 da Deloitte, a indústria global de petróleo e gás teve um arranque sólido em 2024, impulsionado pela robustez financeira e pelos elevados preços do petróleo.

O estudo da Deloitte, que anualmente avalia as perspetivas para o setor, refere que as projeções indicam que o nível de investimento global em hidrocarbonetos atingirá os 580 mil milhões de dólares (534 mil milhões de euros), um aumento significativo de 11% em relação ao ano anterior.

A estimativa é que sejam gerados mais de 800 mil milhões de dólares (736 mil milhões de euros) em fluxos de caixa livres ao longo do ano, refere-se o documento.

Segundo ainda o estudo, em termos económicos, qualquer flutuação do dólar americano com relação a outras moedas, combinado com a trajetória da atividade industrial e consumo da sociedade civil, poderá ter impacto na inflação, influenciando assim também os preços da energia em 2024.

A Deloitte acredita igualmente que o ano de 2024 poderá a ser muito dinâmico do ponto de vista das fusões e aquisições na indústria global de petróleo e gás.

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