O contrabando de droga através de Angola conta com a cumplicidade de elementos da polícia e de outras entidades a vários níveis das instituições de poder, afirma o jornalista e proprietário do semanário “O Crime”, Mariano Brás.
Brás reage assim à notícia de que o Serviço de Investigação Criminal em Angola desmantelou uma rede internacional de droga, ao interceptar na quinta-feira, 3, um carregamento de seis quilos de cocaína, proveniente do Brasil no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, de Luanda.
Na operação, sete homens, com idades entre 26 e 40 anos, foram detidos no bairro do Palanca, e entre eles encontra-se um agente da Polícia Nacional, e um oficial das Forças Armadas.
“O tráfico de droga em Angola é controlado pela própria polícia. O mais grave é que além da polícia estão metidos deputados, governadores ou seja do mais baixo ao mais alto nível, especialmente os do MPLA”, denuncia Brás que, solicitado a partilhar nomes, afirma que se o dizer “pode ser morto”, mas acrescentaque o seu jornal está a preparar uma reportagem sobre a questão.
Brás fez notar que a droga é um meio fácil de enriquecimento, afirmando que um quilo de cocaína custa no mercado 12 milhões de kwanzas, cerca de 20 mil dólares.
“É um negócio milionário”, sublinha.
Há muito que se sabe que contrabandistas de drogas da América Latina usam países da África Ocidental como rota para o transporte das mesmas para a Europa e também para venda local.
As elevadas quantias envolvidas no tráfico de drogas tornam fácil subornar entidades governamentais ou agentes da polícia cujos salários são geralmente baixos e onde a corrupção existe a todos os níveis.
O sociólogo Aniceto Cunha afirma que as drogas em Angola desestruturam milhares de famílias assim como levam para as delinquência e prostituição muitos outros jovens.
“O uso das drogas leva para delinquência e prostituição milhares de jovens e desestrutura famílias e enquanto desgraçam a vida de outros, eles estão a ficar milionários”, conclui.