O Governo angolano remeteu ao Parlamento uma proposta de actualização do valor da pensão dos antigos combatentes e veteranos da Pátria, actualmente fixada em 23 mil kwanzas por mês.
A baixa pensão e a ausência de outras compensações têm gerado algum descontentamento entre os ex-militares que têm feito reclamações e manifestações públicas, como é o caso dos generais e outros oficiais e subalternos na reforma que agendaram para amanhã, 17, um novo protesto para exigir o pagamento de dívidas milionárias por parte do Governo.
Os partidos políticos e antigos militares alertam o Executivo para o perigo de instabilidade social no país, como afirma o secretário-geral da UNITA, o principal partido da oposição.
“Estamos com a impressão que o soldado que ontem usamos para combater, hoje já não é nosso irmão ou companheiro e isto é perigoso, para a estabilidade social e política porque esses indivíduos caso se revoltem tornam-se um perigo porque eles dominam técnicas militares e armas, hoje vão surgindo aqui e ali tendências de manifestações públicas de antigos militares e quem governa assiste impávido se calhar à espera que saiam mesmo às ruas com risco de banhos de sangue e prisões”, adverte Álvaro Chikwamanga, que diz ser “altura do Executivo sentar com esta gente e tentar resolver o problema”.
Por sua vez, a CASA-CE, a segunda maior força política na oposição, considera “um abuso e falta de consideração e dignidade para com aqueles que deram a sua vida e lutaram por esta pátria, hoje antigos militares a reivindicarem a quererem manifestar-se publicamente e isto para nós é bastante perigoso para a estabilidade do país”.
O líder parlamentar daquela coligação, Alexandre Sebastião André, sublinha que “Angola não precisa chegar a esta situação por causas sociais”
José Sumbo, militante do MPLA e também militar na reforma, diz ter sugerido a colegas seus em cargos de decisão para prestarem atenção à rectaguarda por onde passaram.
“Indivíduos que deram o seu cabedal por esta terra, estão hoje nesta situação lastimável, há muitos que só têm mesmo os 23 mil kwanzas de pensão, não têm mais nada e isso só se pode explicar por um descontrolo”, questiona Sumbo.
O também general na reforma Manuel Mendes de Carvalho Pacavira entende que as manifestações só se verificam porque os ex-militares são mal tratados.
“Esse comportamento desta gente pode ser considerado um acto de traição especialmente aos que morreram, aos que ficaram aleijados, às suas famílias, isto é injusto, não se pode construir felicidade por cima das injustiças dos que sofrem, aconselho-os a olharem para trás e a corrigir o erro, se não depois não restará outra saída se não lutar contra os novos colonialistas angolanos”, conclui o também conhecido por General “Paka”.
Dados oficiais apontam para cerca de 143 mil antigos combatentes e veteranos da Pátria registados em Angola.
Refira-se que, para além de melhores pensões, ele têm exigido habitação social condigna, assistência médica e medicamentosa, subvenção de preços dos serviços de água potável, energia elétrica, entre outros.