Um dia depois do Fundo Monetário Internacional (FMI) ter autorizado o desembolso de mais uma tranche de ajuda financeira a Angola no valor de 487,5 milhões de dólares, especialistas em economia estão divididos quanto ao impacto dessa ajuda.
Com este novo desembolso, o FMI já disponibilizou pouco mais de três mil milhões de dólares, de um total de 3.700 milhões de dólares, no âmbito do acordo aprovado pelo Conselho Executivo de 7 de Dezembro de 2018.
O consultor económico Galvão Branco entende que este impulso do FMI vem em boa hora porque “deverá ter um grande impacto imediato em termos de concretização de algumas despesas que se encontravam pendentes por falta de recursos, como também é importante para tentar credibilizar o agenciamento de outros tipos de aportes financeiros desta natureza”.
Entendimento diferente tem o economista e empresário Carlos Padre, para quem “Angola actualmente não está em condições de suportar a sua dívida”.
Padre defende que tem de “haver maior incidência, não tanto para receber dinheiro mas para renegociar a sua dívida, cujo volume é enorme e não permite que se faça investimentos, e um país só cresce se houver investimentos, sobretudo em infraestruturas como água, estradas, energia eléctrica e também investimento privado”.
Aquele economista alerta também para “a necessidade de se investir nos bancos para que possam financiar principalmente as pequenas e médias empresas porque estas é que resolvem o problema do emprego”.
Cerca sanitária e a economia
Noutra vertente, aqueles especialistas ouvidos pela VOA também divergem quanto ao confinamento de Luanda por causa da pandemia da Covid-19.
O Executivo decidiu ontem pela manutenção da cerca sanitária à capital do país, que, segundo vários entendidos em matéria económica, tem sido o principal obstáculo ao crescimento da economia.
Carlos Padre diz que o Governo “tem de resolver este problema com urgência porque a economia não pode parar, caso contrário as pessoas morrem de fome”.
Já Galvão Branco sustenta que o “bem vida” justifica a manutenção da cerca sobre Luanda apesar de reconhecer alguns constrangimentos, porque, alerta, “não se pode prever o elemento crítico de todo este processo”.