A recente detenção de duas dezenas de militares da Unidade da Guarda Presidencial, (UGP) no âmbito da operação “Caranguejo” em Cuando Cubango estão a suscitar reações na província da Huíla.
O arcebispo metropolitano do Lubango, dom Gabriel Mbilingi, lamenta que estes escândalos financeiros, onde a ganância se evidencia, segundo ele, aconteçam numa altura em que a pobreza e a miséria fazem o dia-dia de milhões de famílias angolanas.
O responsável católico diz mesmo que até iria compreender se os kwanzas apreendidos estivessem a circular.
“Eu estava com outros três padres na sala de televisão, eu disse meu Deus! Essa gente não tem o mínimo de sensibilidade? Era preciso desviar, melhor roubar, tanto dinheiro assim? Quando sabe que há gente a morrer de má nutrição e fome, há gente que está a morrer porque não tem assistência médica e medicamentosa, há gente que numa situação como a nossa não sabe o que é ver uma luzinha verde no horizonte do seu futuro. Aquelas somas de dinheiro, ainda se estivessem a circular alguém estivesse a trabalhar com aquilo embora você sabe que isso é meu património é uma coisa, em malas!”, comenta dom Gabriel Mbilingi.
Quem se mostra cauteloso com a operação “Caranguejo”, é líder provincial do Sindicato Nacional de Professores (SINPROF) na Huíla.
João Francisco, secretário provincial da organização, olha para os processos anteriores e conclui que a operação é mais uma que não vai dar em nada.
O sindicalista questiona os nomes que aparecem associados ao processo.
“Será que os tais maiorais é que estão a ser detidos? Não. Vai-se no mar a rede arrasta os peixinhos que estavam na fase de crescimento e os tais peixes grandes ficaram no mar. É triste isto por isso, eu não acredito muito as vezes em algumas acções que se têm levado a cabo por uma razão muito simples: porque são processos que começam e depois não têm o seu desfecho”, sublinha Francisco.
As mais recentes detenções da Procuradoria-Geral da República (PGR) envolvem o comandante da Casa de Segurança do Presidente da República na província do Cuando Cubango, o coronel Manuel Correia, o presidente do Cuando Cubango Futebol Clube, capitão Atanásio Lucas José, e pelo menos seis oficiais ligados à área de pessoal e quadros da instituição.
A operação “Caranguejo”, lançada em Maio, já levou à detenção do major Pedro Lussaty e à limpeza na Casa de Segurança do Presidente da República.