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Angola: Estado de graça de Manuel Vicente e seus ex-colaboradores mais próximos chegou ao fim

Ontem, o principal serviço noticioso da Televisão Pública de Angola, brindou-nos com o primeiro de vários capítulos da série denominada O BANQUETE.

A série de curtas metragens tem como fim último, apresentar ao público telespectadores nacionais e não só, os desvios que foram feitos por gestores público no exercício dos seus mandatos e que se têm reflectido de forma negativa na vida social das famílias angolanas.

Na reportagem de ontem, o principal visado foi Manuel Vicente e seus ex-colaboradores mais próximos. No entanto, nada mais justo que se começasse por ele, atendendo que foi o Presidente do Conselho de Administração que mais tempo esteve em funções, no período em que os desvios aconteceram.

Diferente da grande maioria, é difícil  acreditar que MV estivesse sendo protegido pelo actual executivo.

O principal sinal de rotura entre João Lourenço e Manuel Vicente, ficou evidenciado na entrevista em que o presidente concedeu ao jornal americano The Wall Street Journal e publicada no dia 11 de Outubro do corrente ano.

Nela, João Lourenço afirmou de forma categórica que o Estado angolano havia sido lesado em mais de 24 mil milhões de dólares nos últimos 15 anos na gestão do ex-presidente José Eduardo dos Santos, sendo que quase 14 mil milhões de dólares só nos cofres da Sonangol e que teve em Manuel Vicente aquele que mais tempo e influências exerceu na petrolífera estatal nesse período.

Para quem estudou e estuda a política, facilmente perceberia que o “estado de graça” não seria eterno e que uma hora sua felicidade acabaria.

Não podemos nos esquecer que existe um Decreto/Lei sobre o Repatriamento Voluntário de Capitais desviados do erário público e que passou sobre o escrutínio dos deputados à Assembleia Nacional. Mais do que isso, esse diploma protege o direito a confidencialidade. Ou seja, nunca saberemos exactamente quem repatriou valores de forma voluntária. Por esse e outros motivos, nunca é liquido chegar a conclusão  que o combate à corrupção fosse selectivo, porque existe uma Lei e ainda que com as suas falhas, propiciou brechas a  Manual Vicente.

No entanto, dois grandes factores contribuíram para a queda em desgraça de Manuel Vicente:

A PRESSÃO VINDA DAS RUAS.

Não fica difícil analisarmos os dois pontos mencionados acima. No plano económico, a nossa economia vai de mal a pior e sem sinais de recuperação a um breve trecho. Para piorar, dias atrás, o departamento de estudos económicos do Standard Bank considerou que Angola deverá manter – se em recessão neste e no próximo ano, podendo prolongar – se até 2023 e, tendo contribuído para tal, a pandemia da Covid – 19 e a baixa do preço do petróleo de referência para as exportações do país.

Quanto ao segundo ponto (pressão das ruas), não podemos em hipótese alguma dissocia-lo do primeiro. Na verdade, a sua existência em muito depende da performance  do primeiro (economia). Por isso, não podemos deixar de assinalar o papel da pressão oriunda das ruas (manifestações), derivadas em parte pela falta de emprego para os jovens e a consequente dagradação das condições sociais das famílias e, que fizeram com que quem governa caísse na real e percebesse que ao proteger os vulgos marimbondos e ainda que sem intenção, João Lourenço estaria arriscando o seu fim político e consequente queda do partido do establishment. – Mpla.

A reportagem exibida ontem, pode ser encarada como o “cerimonial” de entrega do Cordeiro aos Lobos, pese embora MV esteja mais para uma hiena ou um abutre. Com isso, fica mais evidente de que; mais dias ou menos dias, MV verá as suas imunidades serem levantadas.

Quanto ao presidente João Lourenço, fica o aprendizado e em língua de Shakespeare: “Better Later Than Never”. Em tradução livre no português de Camões diríamos; Antes Tarde do que Nunca…

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