O antigo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (CEMGFAA) defendeu hoje em Luanda que o ano de existência das Forças Armadas seja uniformizado aos ramos das forças aérea e marinha de guerra.
Francisco Pereira Furtado disse que é preciso uniformizar o tempo de carreira nos três ramos das Forças Armadas, lembrando que o Acordo de Paz de Bicesse (Portugal), em 1991, “acabou por amarrar as forças terrestres particularmente a um tempo reduzido de carreira”.
O tempo de existência das Forças Armadas Angolanas (FAA) foi quebrado em 1992, no âmbito do acordo de Bicesse, onde foi recomendada a unificação das forças militares do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, e da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição, que na altura se enfrentavam no terreno pelo poder, até 2002, com a morte em combate do líder fundador da UNITA, Jonas Savimbi.
“Estando as FAA agora com 28 anos, as Forças Armadas e o Exército que completarão 28 anos, enquanto os ramos das forças aéreas e da marinha estarão a atingir os 45 anos”, realçou.
Francisco Pereira Furtado falava na abertura das jornadas patrióticas alusivas ao 04 de Abril, Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, promovida pelo Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas.
O antigo CEMGFAA aproveitou a presença do presidente da Comissão de Defesa e Segurança da Assembleia Nacional, Roberto Leal Monteiro “Ngongo”, para apelar à sua intervenção nesse sentido.
“Porque a manter-se esta data referência de Bicesse, como criação das Forças Armadas e do Exército, a carreira de todos nós que fizemos uma carreira desde 1975, ou antes da independência até esta altura, dá a impressão de que os que estão nas Forças Armadas, a partir do EMG e do Exército, tenham apenas uma carreira de 28 anos, enquanto os da Marinha e os da Força Aérea têm uma carreira de 45 anos”, frisou.
“Isto é preciso resolver-se agora do ponto de vista político entre os dois partidos que negociaram o Acordo de Paz de Bicesse e fazer com que de facto as Forças Armadas tenham a mesma idade que os outros ramos”, advogou, realçando que o Exército aglutina cerca de 80% das FAA.
Francisco Pereira Furtado disse que, do seu ponto de vista, o dia 09 de outubro de 1992 pode continuar a ser considerada a data da unificação das Forças Armadas, mas não como da sua criação.
“Porque este país foi defendido desde 1975, de lá até ao Acordo de Luena (04 de abril de 2002 – Dia da Paz) o país foi sempre defendido. Se não existisse as Forças Armadas e o ramo das forças terrestres quem teria defendido de facto Angola desde a proclamação da Independência até 1992, quando se criou as FAA e o ramo do Exército?”, questionou.
“É apenas uma chamada de atenção no sentido de enquanto estamos em vida – como dizia no início, a história militar deve ser contada pelos seus protagonistas – vamos a tempo de conversar, dialogar e chegar a um consenso”, acentuou.