Mais de 400 ex-operários esperam receber mais de um milhão e quinhentos mil dólares em dívida da empresa.
Um mês depois do início de uma nova forma de protestos por salários e pensões de reforma, antigos operários da fábrica têxtil de Benguela, em Angola, levantaram parcialmente a vigília, movidos por mais promessas, mas mantêm a hipótese de impedir a entrada do investidor zimbabueano.
O Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) já só tem uma semana para transformar promessas em actos, quando o MPLA, partido no poder, entra em cena com pedidos de esclarecimentos ao Governo Provincial.
Uma assembleia dos 435 ex-operários, à espera de uma dívida acima de um milhão e quinhentos mil dólares, forçou o IGAPE a renovar promessas, mas a Comissão Sindical, segundo o primeiro secretário, Rogério Cabral, avisa que o passado recente sugere cautelas.
‘’Se não se cumprir este mesmo acordo, seremos forçados a retomar a vigília e, como já tínhamos preparado, a acorrentar o portão, numa altura em que já está a entrar o algodão’’, alerta o sindicalista.
Rogério Cabral explica que ‘’se tivemos em mente o esforço do Presidente da República para atrair o investimento estrangeiro, mas se não cumprirem eles é que vão desencorajar’’.
O sindicalista, que diz ver um movimento reivindicativo também em relação aos companheiros das fábricas de Luanda e do Kwanza Norte, afirma que a inserção de familiares nas unidades não abranda os protestos.
“Dar emprego aos filhos dos ex-trabalhadores … isso é um esforço antigo, até numa forma legislativa’’, avança cabral, para quem “não se mexe com a dívida, nós trabalhámos, fomos descontando para a Segurança Social”.
“Os que fizeram isso, o senhor Pitra Neto e o deputado Joaquim David, estão aí, eles sabem’’, conclui o sindicalista.
Citado como um dos principais beneficiários da produção mensal, que andou em um milhão de metros de tecidos, o MPLA está na posse do memorando entregue ao IGAPE.
O secretário para os assuntos políticos, eleitorais, económicos e sociais do Comité Provincial, Nelson da Conceição, diz que o partido no poder vai pedir explicações sobre um dilema com mais de vinte anos.
“O que nós temos de fazer é nos informar junto do Governo para ver o que se passa. É uma dívida reconhecida, e o MPLA tem de ajudar nesse sentido’’, assume Conceição.
A fábrica têxtil de Benguela vai ser gerida por um grupo empresarial do Zimbabwe até à sua privatização.