O antigo primeiro-ministro de Angola Marcolino Moco manifestou-se hoje contra o que classificou como “bullying” racista e xenófobo” à volta do líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, nos últimos dias no país
Marcolino Moco protestou, na sua conta do Facebook, “contra o regresso (ou nunca chegou a ir-se embora?) da política de desqualificação gratuita de ‘outras’ figuras e ou organizações políticas, pela via mais baixa possível”.
Para o ex-secretário-geral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), ouvir ou insinuar-se que o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana, não é angolano é motivo de preocupação.
“O que quer que seja, insinuar, sequer, que Adalberto Costa Júnior não é angolano, ouvi-lo de várias bocas, e agora pressenti-lo num comunicado do BP [Bureau Político] do MPLA, é algo que me deixa muito preocupado”, referiu.
O político sublinha que a sua posição é a mesma que sempre teve perante insinuações de que o ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos não era angolano.
“Angola, como fenómeno político-administrativo e sociológico moderno é uma realidade muito recente. Por isso, todos nós, a maioria da elite angolana atual, nascemos como portugueses. Os angolanos são pretos, brancos e mestiços. A maioria nasceu em Angola, mas nem todos poderiam ter nascido aqui”, recordou Marcolino Moco.
Segundo o ex-primeiro-ministro angolano, Adalberto Costa Júnior “por acaso nasceu em Angola, na atual província do Huambo”.
“A nacionalidade (formal) portuguesa, eu, por acaso, hoje não tenho. Mas quantos a têm, por diversas razões, em todos os quadrantes sociais angolanos? Já temos problemas de ‘marimbondos’ que elegem ‘marimbondos’. Não tenhamos agora “portugueses” a elegerem “portugueses”, frisou.
Ao terminar a sua reflexão, Marcolino Moco discordou que seja Portugal e os portugueses os culpados dos problemas atuais de Angola, porque “isto é um axioma”.
Esta semana começaram a ser partilhado nas redes sociais ‘posts’ com a imagem de Adalberto Costa Júnior e frases que lhe atribuem a nacionalidade portuguesa, nomeadamente: “A SIC apoia o cidadão Adalberto Tuga”, Afinal esse Galo é Português?”, “O Presidente da UNITA é conterrâneo de Salazar”, “É Adalberto Tuga ou Adalberto Júnior?, “Agora a UNITA é um partido português!”, “Adalberto Tuga votou nas eleições em Portugal”, “Adalberto Tuga tem passaporte europeu” e “Adalberto Tuga Vai Anexar Angola a Portugal”.
O BP do MPLA, partido no poder em Angola, na sua declaração sobre os últimos acontecimentos ocorridos em Cafunfo, província da Lunda Norte, ao questionar-se sobre que país os angolanos pretendem para o futuro, responde que é “uma Angola onde os eleitores não sejam surpreendidos com líderes políticos sem escrúpulos, que afinal são cidadãos estrangeiros e por isso executam uma agenda política contrária aos interesses de Angola e dos angolanos”.
Em 2019, Adalberto Costa Júnior, quando candidato à liderança da UNITA, no XIII congresso ordinário, abdicou da nacionalidade portuguesa, pelo facto de a Constituição angolana não permitir a dupla nacionalidade para candidatos à Presidente da República.