Muitos políticos e fazedores de opinião, dentro de formações políticas ou fora delas, defendiam e ainda defendem uma união entre a oposição no sentido de se tirar o MPLA do poder, por via de eleições.
Este desiderato, no entanto, levou a UNITA, o Bloco Democrático e seguidores de Abel a anteciparem-se, contra todas as expectativas, ameaçando o partido no poder que, de imediato, passou a mobilizar vários entes do projecto.
Abel Chivukuvuku, “que precisa de uma muleta bem segura para se manter na vida política como protagonista a ter em conta, poucos dias do lançamento da FPU, veio a terreiro denunciando aliciamento de que estava a ser vítima”.
Prometeram-lhe até cargos governamentais da sua escolha. Chegou mesmo a comparar o seu projecto a uma mulher bonita que toda gente gosta.
Ele que lutou, meses a fio para legalizar o seu projecto partidário sem sucesso, encostou-se a Adalberto Costa Júnior, por sinal, um velho amigo e correligionário para elevá-lo à fina-flor da política angolana, tendo em vista as eleições de Agosto próximo.
Como se tudo dependesse deles, as coisas pareciam estar a correr de feição, como se do outro lado não houvesse um Tribunal Constitucional, robusto, implacável e com super poderes.
Assim, Abel só vai sobreviver politicamente se ACJ, como é apelidado o ainda líder da UNITA, aparecer na pole position do seu partido, rumo ao palácio da cidade alta.
Os propósitos da FPU são vigorosos e optimistas que o “laboratório” do regime tinha que pôr as máquinas a funcionar para travar a avalanche.
Enquanto se espera que ACJ sobreviva de mais uma impugnação do congresso que o elegeu, ou, então, caia em mais uma armadilha montada pelos seus próprios correligionários, Abel e Filomeno Vieira Lopes franzem a testa ante a indefinição do seu futuro.
O Bloco Democrático, de Filomeno Vieira Lopes, “que parecia estar bem arranjado, com alguma unanimidade à vista, relativamente a sua integração numa hipotética FPU, acaba de se revelar fragilizada, depois que Luís do Nascimento, Secretário Geral, opôr-se ao projecto que não é, afinal, de agrado de todos os militantes do BD”.
Alguns defendiam que o projecto da FPU tinha que ser mais amadurecido, antes do seu lançamento, para que a agenda do partido no poder não se ajuste ao seu surgimento.
Mas houve também aqueles que consideraram que quanto mais cedo a FPU surgir melhor seria para dar tempo ao seu enraizamento, já que se prevê que seja mais inclusiva e participativa.