Paulo Dinis Luvambano só ocupou o cargo de vice-governador de Cabinda durante um mês. Acredita-se que o político angolano foi afastado por “defender destemidamente” apartamentos mais condignos para a população local.
O assunto está a suscitar muita atenção nas redes sociais e no seio das populações. Paulo Dinis Luvambano ficou no cargo apenas um mês. Foi nomeado a 12 de maio por decreto presidencial e exonerado no dia 18 de junho. O arquiteto angolano foi depois transferido para os Serviços Técnicos e Infraestruturas pelo Presidente angolano, João Lourenço.
Apesar de não existir até ao momento uma explicação formal por parte do governo sobre a exoneração, algumas personalidades entendem que o político foi afastado do cargo compulsivamente por “defender destemidamente” apartamentos mais condignos para Cabinda.
Valério Pambo, sacerdote da diocese de Cabinda, diz que a exoneração de Paulo Luvambano foi mais uma demonstração de que não existe vontade por parte do governo central para com o povo do enclave e quem arrisca “é combatido.”
“Do ponto de vista político, ainda prevalece a cobardia no seio dos angolanos no que tange a província de Cabinda. Eles ainda não estão dispostos para fazerem bem a esse povo”, critica.
Casas mais condignas em Cabinda
Numa publicação tornada pública nas redes sociais por Raúl Tati, deputado do círculo provincial de Cabinda, diz-se que o vice-governador foi exonerado por tentar defender tipologias de casas mais condignas para a futura centralidade de Cabinda.
Em declarações à DW África, um membro afecto ao governo local que pediu anonimato, disse que o facto de defender apartamentos condizentes com a realidade sociológica custou caro a Paulo Luvambano.
“No encontro que eles tiveram, houve resistência com o ministro das Obras Públicas. Na sequência, na qualidade de vice-governador para o setor técnico, pediu que se revisse a tipologia de apartamentos, em função do número de famílias. Porém, de lamentar o comportamento de dirigentes que foram informar ao Presidente que existe alguém contra a ideia inicial”, explicou.
Implicações futuras para os políticos?
Será que a exoneração do vice-governador trará implicações futuras nos políticos que quiserem se expressar sobre as variadas situações em Cabinda?
O ativista Maurício Ngimbi entende que existem coisas mais importantes que o povo de Cabinda deve discutir e não se distrair com essa exoneração porque o partido no poder, o MPLA, sempre defendeu a ditadura.
“Nós que defendemos as causas justas deste povo, sempre fomos levados à cadeia. Quando ele era secretário das obras, que tipo de estradas e obras ele fez?”, questiona Ngimbi.
A DW África tentou contactar o governante exonerado, mas sem sucesso. Entretanto, Paulo Luvambano deixou uma mensagem nas redes sociais: “A exoneração é um facto, apesar das razões que possam estar na base. Regresso para estar com a minha família e recuperar deste choque que me me abalou profundamente, mas saio de cabeça erguida com a certeza que continuarei a trabalhar.”