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Angola: “Falar de desemprego é falar de instabilidade social, política e econômica”

O alerta é de um dos jovens angolanos desempregados ouvidos pela DW África. Em ano de eleições, jovens de Ndalatando dizem estar cada vez mais descontentes com as “políticas falhadas” do Executivo em vários setores.

Valéria Americano tem 25 anos e está desempregada. É o marido que a sustenta, bem como ao filho. À DW África, a jovem afirma que esta é uma situação humilhante e acrescenta: “o fenómeno do desemprego acaba por afetar de maneira direta as mulheres. Não é que os homens não sofram com o índice do desemprego, mas acabamos por nos tornar mais lesadas”.

A ativista política diz que as famílias angolanas vivem em extrema pobreza. E que mais uma vez há uma agravante para as mulheres: “a maioria dos filhos são educados apenas pelas mães, porque o fenómeno do desemprego faz com que muitos pais acabem por abandonar os seus lares”.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), 52% da população angolana são mulheres, sendo também elas mais afetadas pelo desemprego do que os homens.

Os jovens estão também entre os mais afetados, de acordo com o INE. Dos cerca de 33% de desempregados em Angola, 75% são jovens.

Joaquim Lutambi, ativista angolano, é um deles. Por falta de oportunidades de emprego, depende de pequenos trabalhos e da ajuda da família para sobreviver.

“Na verdade resistimos, nós sobrevivemos com o nosso próprio esforços lutando, fazendo um biscate aí, biscate aqui, é a forma de não morrermos no dia seguinte. Também estamos aqui falar de ajuda de familiares que quando não conseguimos nos dão uma gorjetazinha para comprar uma fubá”, conta.

Falta de visão governativa

Joaquim Lutambi diz ainda que, na sua opinião, “falar de desemprego é falar de um fator de instabilidade social e instabilidade política”. “A incompetência governativa. Temos muita mão de obra formada, licenciados, ensino médio concluído, mas que não têm emprego. Então, é uma questão de falta de visão governativa”, frisa.

Com as eleições gerais à porta, o ativista cívico espera ver o Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA, desalojado do poder:

“O meu sonho é não morrer sem ver o MPLA na oposição. Acho que é a ansiedade de todo e qualquer jovem angolano. Não espero nada do programa de governo do MPLA porque não trará nada de novo na minha vida”.

Recentemente, os jovens afetos ao Movimento de Estudantes Angolanos no Kwanza Norte saíram à rua para protestar contra o elevado índice de desemprego e apontaram o dedo ao Governo do MPLA, que dizem ser o responsável pelas políticas públicas falhadas e a falta de oportunidades.

 

 

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