Em dezembro, o Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR) reconheceu a legitimidade da ala angolana e confirmou o bispo Valente Bezerra Luís, da Comissão de Reforma da IURD como representante da igreja de origem brasileira em Angola.

Num comunicado sobre o protesto, a IURD diz que “a marcha será pacífica” e espera “milhares de pessoas”, prometendo no final uma conferência de imprensa para expor os seus pontos de vista sobre os últimos desenvolvimentos do conflito.

O ato é organizado “pelo coletivo de obreiros, jovens, membros e simpatizantes da IURD”, diz a nota assinada pelo vice-presidente do conselho da direção da Igreja, bispo António Miguel Ferraz.

A IURD Angola tem estado envolvida em várias polémicas, com acusações recíprocas entre os apoiantes dos brasileiros e os dissidentes angolanos, relativas a práticas ilegítimas e crimes como branqueamento de capitais e evasão de divisas que estão a ser investigados pelas autoridades judiciais.

As tensões agudizaram-se em junho de 2020 com a tomada de templos pela ala reformista, entretanto constituída numa Comissão de Reforma de Pastores Angolanos, liderada pelo bispo Valente Bezerra.

Os angolanos afirmam que a decisão de romper com a representação brasileira em Angola, encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves, fiel ao fundador Edir Macedo, se deveu a práticas contrárias à religião, como a exigência da prática da vasectomia, castração química, práticas de racismo, discriminação social, abuso de autoridade, além da evasão de divisas para o exterior do país.

As alegações são negadas pela IURD Angola que, por seu lado, acusa os dissidentes de “ataques xenófobos” e agressões a pastores e intentou também processos judiciais contra os dissidentes.

A IURD Angola acusa as autoridades judiciais angolanas de terem feito apreensões ilegais e atentarem contra a liberdade religiosa, depois de terem sido apreendidos e encerrados os templos da seita em várias províncias angolanas.

Neste momento correm os seus trâmites nos tribunais angolanos vários processos judiciais relacionados com a IURD Angola.

O conflito deu origem à abertura de processos-crime na PGR de Angola e subiu à esfera diplomática, com o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, a pedir ao seu homólogo João Lourenço garantias de proteção dos pastores brasileiros e do património da Igreja, tendo o chefe de Estado angolano prometido um “tratamento adequado” do assunto na justiça.