As ruas de Angola têm sido palco de protestos nos últimos meses e para este sábado estão agendados mais dois. Para João Lourenço, é possível haver coabitação entre manifestantes e forças de ordem durante manifestações.
Nos últimos meses muitos têm sido os protestos, especialmente por parte de jovens, que pintam as ruas de Angola com cartazes e palavras de ordem.
Para este sábado (19.12), estão previstas duas manifestaçõe, sendo uma delas organizada por Abel Chivukuvuku, que viu chumbado pelo Tribunal Constitucional a legalização do seu projeto político, denominado PRA-JA Servir Angola. O antigo conselheiro de Jonas Savimbi quer mostrar que não desiste e propõem aos que o apoiam que saiam à rua.
Numa entrevista ao jornal português Público, publicada esta sexta-feira (18.12), Abel Chivukuvuku diz ter recebido “ameaças de que pode ser baleado no sábado”.
A segunda manifestação foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Médicos (SINMEA). O presidente daquele sindicato, Adriano Manuel, é alvo de um processo disciplinar por alegada violação de sigilo profissional, que culminou há quatro meses com uma multa da sexta parte do seu vencimento mensal.
De acordo com o secretário-geral, o sindicato considera o processo “um flagrante atropelo à lei”, realçando que a Adriano Manuel não lhe foi dada a possibilidade de se defender.
“Pensamos sair à rua no próximo sábado, a partir das 12h30, concentrarmo-nos no Largo da Mutamba e marcharmos para despertar a classe médica do país e a comunidade nacional e internacional para que se juntem a esta causa em defesa não só dos direitos dos médicos, mas também de uma boa prestação de serviço aos nossos pacientes”, salientou Pedro da Rosa esta semana, em declarações à agência de notícias Lusa.
“É possível realizar manifestações ordeiras”
Em declarações esta quinta-feira (17.12), o Presidente angolano desafiou manifestantes e as forças da ordem a mostrar que, em Angola, é possível haver coabitação entre ambos durante manifestações.
“É possível realizar manifestações ordeiras e que atingem na mesma o seu objetivo, o de levar a mensagem que se pretende às autoridades e à sociedade”, disse João Lourenço no âmbito da abertura de uma reunião com as chefias militares do país.
João Lourenço reforçou ainda o papel das forças, autorizando o exercer da autoridade do Estado com firmeza, sempre que a situação aconselhar, mas sempre com contenção, procurando encontrar pontos de equilíbrio entre a necessidade de estabelecer a ordem e o direito de manifestação dos cidadãos.
“Não são de aceitar excessos gratuitos das forças da ordem, assim como também não são de aceitar excessos gratuitos da parte dos manifestantes”, referiu.