A Frente de Libertação do Enclave de Cabinda-Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) denunciou hoje a morte de sete refugiados cabindenses, no domingo, durante um ataque das Forças Armadas Angolanas (FAA) numa aldeia congolesa fronteiriça.
Segundo um comunicado, a incursão dos militares angolanos na aldeia de Yema di Yanga, na fronteira de Mbaka-Khosi aconteceu perto das 22:00 e resultou na morte de duas mulheres, uma das quais grávida de oito meses e cinco homens, que estavam desarmadas.
“As autoridades angolanas consideram todos os refugiados cabindenses como soldados da FAC. A FLEC-FAC denuncia um crime de guerra, um ato de terror bárbaro do regime angolano, e condena veementemente a perseguição e violência opressora cometida contra refugiados” na República Democrática do Congo, acrescenta-se no documento, assinado pelo secretário-geral, Jacinto António Télica.
Os independentistas voltam a apelar à comunidade internacional, em particular o secretário-geral das Nações Unidas António Guterres para encontrar uma solução para o problema e agir contra “os atos terroristas” do Governo angolano.
“Esta crueldade, este tratamento desumano de refugiados cabindenses nos dois Congos não deve perpetuar-se”, salienta-se no comunicado, pedindo que a justiça internacional denuncie o silêncio do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugidos (ACNUR) sobre as mortes arbitrárias nos campos de refugiados cabindenses.
A Lusa tem questionado o Ministério da Defesa de Angola sobre as alegações das FLEC-FAC sem nunca obter confirmação relativamente aos confrontos e baixas das Forças Armadas Angolanas.
A FLEC, através do seu “braço armado”, as FAC, luta pela independência no território alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.
Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que alega manter uma “resistência armada” contra a administração de Luanda.
Mais de metade do petróleo angolano provém desta província angolana.