O governador da província angolana da Huíla considerou “grave” a situação em que se encontram mais de 41.000 pessoas das regiões de Taka, Chiange e Tunda, no município dos Gambos, afetadas por uma seca severa
Nuno Mahapi Dala, citado pela agência noticiosa angolana, Angop, deslocou-se ao Gambos para constatar a situação do município, que não regista chuvas há sete meses, e tem até as culturas resistentes à seca a morrer.
Segundo o governador, que manteve um encontro com o Conselho de Auscultação Local, foram colhidas contribuições para se afinar as metodologias de intervenção, com vista a encontrar-se uma solução para vários problemas identificados em variados domínios, a começar pelo levantamento das zonas mais afetadas.
A situação é “grave”, referiu Nuno Mahapi Dala, salientando que os habitantes estão a ser forçados a vender o gado a preços baixos, devido à falta de pasto e como forma de obter algum dinheiro para as suas necessidades básicas.
O padre Pio Wakussanga, em representação da comunidade, informou que existem já muitas pessoas a sofrer de anemia, crianças, mulheres e homens, além de um número elevado de famílias que já abandonou o município a pé, para procurar sustento em outras zonas da província e na República da Namíbia.
O prelado apelou a uma intervenção urgente das autoridades, para que se evitem mortes.
Um relatório de fevereiro do Programa Alimentar Mundial (PAM) referiu que numa comparação às chuvas observadas desde 1981, as províncias do sudoeste de Angola registaram a pior seca dos últimos 40 anos, durante os meses de novembro de 2020 a janeiro deste ano.
O período chuvoso nas províncias afetadas geralmente termina na primeira semana de maio, realçou a pesquisa, faltando apenas cerca de um mês para o fim da época chuvosa.
“Se a escassez de precipitação prevalecer haverá baixas colheitas da primeira safra e haverá poucas oportunidades de sementeiras de segunda safra, por falta de humidade residual no solo. Dependendo da severidade da seca, algumas regiões poderão ter escassez de água para o consumo humano, tal como aconteceu em 2019”, alertou.
A organização das Nações Unidas recomendou uma monitorização contínua da precipitação, de modo a identificar as províncias e municípios mais críticos “para uma avaliação profunda de segurança alimentar e nutricional pós-colheita, com o objetivo de medir com detalhe a magnitude e severidade dos impactos da escassez da chuva na segurança alimentar e nutricional”.
“É aconselhável que os setores e entidades que lidam com segurança alimentar e nutrição desde já esbocem possíveis intervenções de mitigação à insegurança alimentar aguda e à desnutrição aguda para o período de escassez, que irá de setembro 2021 a março de 2022”, aconselhou o estudo.