Reservado quanto à fórmula para nova empreitada num contexto de aperto financeiro, o recém-nomeado governador da província angolana de Benguela, Luís Nunes, garante que a Omatapalo, uma das suas empresas, entre as mais conceituadas no momento, não vai estar em obras fora do âmbito nacional.
Há dois dias, após ter recebido sete pastas sobre o estado da governação local, que incluem a execução orçamental e a dívida pública, o antigo governador da Huíla assumiu que estaria a incorrer em contradição se tirasse do orçamento da província para a sua operadora.
Único de 18 governadores a arrancar elogios do Presidente da República, João Lourenço, o novo ‘’homem forte’’ do palácio da Praia Morena recorre a um velho ditado quando questionado sobre a falta de recursos para tanta necessidade, um problema muito referenciado pelo seu antecessor.
“Quando não se tem cão, caça-se com gato, é isso que vamos tentar fazer. Prometo que vamos mover montanhas para conseguir algumas coisas’’, sublinhou.
‘’Na Huíla, como sabem, a Omatapalo está a fazer obras nacionais, não são da província. É mau da minha parte tirar do orçamento da província para as minhas empresas’’, acrescentou.
Luís Nunes disse ser prematuro avançar para mexidas na equipa, pouco depois de ter ouvido um conselho do ministro da Administração do Território e Reforma do Estado, Marcy Lopes.
“Quem não estiver a acompanhar o seu esforço para desenvolver a província, senhor governador, não conte com estas pessoas, dispense-as’’, sugere o ministro.
Apesar de acreditar em dias melhores, o governador cessante, Rui Falcão, acha difícil que se faça mais com o pouco.
“Deus queira que ele seja capaz, nós estamos aqui para ajudá-lo, sempre na perspectiva de uma Benguela melhor’’, assegura Falcão.
Num acto em que muito se falou de obras e empresas, o bispo da Diocese de Benguela, Dom António Francisco Jaca, lembrou que há um povo vulnerável a precisar de amparo.
“Defender os pobres e vulneráveis é muito importante. Não apenas olhar para cidades, é preciso atenção particular aos mais vulneráveis, aos que precisam da governação’’, apela o bispo.