A fome não está apenas no interior do país, como tem sido noticiado, mas há muita fome em Luanda, diz a Associação Nacional de Justiça e Pão aos Necessitados de Angola (Anjupana), que actua preferencialmente na zona do Zango, arredores da capital angolana. Anjupana pede intervenção do Governo e de outras organizações para mitigar a situação.
A organização, que oferece um prato de sopa mensalmente a crianças de famílias mais carenciadas do distrito, alerta o Governo e outras organizações sociais para a necessidade de se fazer qualquer coisa, antes que a situação tome contornos mais graves.
“Há fome em todo lado, não existe apenas fome lá nas zonas recônditas do país, aqui mesmo na capital há muita fome”, assegura o vice-presidente daquela associação.
Fernando Pinto diz ter dados, pelo levantamento que a Anjupana fez, que atestam que há muito mais pessoas sem ter o que comer em Luanda do que as estatísticas oficiais reflectem.
“A Anjupana tem estado a fazer o possível e até às vezes o impossível para mitigar o sofrimento das pessoas, mas sem o apoio do Governo e de outras organizações da sociedade fica difícil”, acrescenta o presidente da associação, Alberto Viassi.
Aquele líder associativo dá exemplo de famílias com que tem trabalhado que apenas precisam de um empurrão para saírem da situação em que se encontram que tem de vir do Estado.
“A situação é complicada e há necessidade de o Governo fazer alguma coisa”, apela Viassi que destaca o elevado preço dos produtos.
A região do Zango 1 é habitada por mais de cinco mil famílias oriundas da zona balnear da Ilha do Cabo, desalojadas pelo Governo em 2009, que vivem em chapas e tendas.