O número de pessoas em situação de insegurança alimentar aguda grave nas províncias angolana da Huíla, Namibe e Cunene poderá passar dos actuais 1,32 milhões para 1,58 milhões até Março de 2022, revela um inquérito que acaba de ser publicado no Lubango pelo projecto de Fortalecimento da Resiliência Alimentar e Nutricional no Sul de Angola, (FRESAN). Até Março de 2022, número de afectados aumentará de 1,32 milhões para 1,58 milhões.
O inquérito, inserido no projecto de combate às alterações climáticas apoiado pela União Europeia (UE), é um dos primeiros estudos realizados entre Março e Maio de 2021 sobre o impacto da seca na região sul.
A escassez de chuvas e os efeitos decorrentes da seca, o aumento generalizado dos preços dos alimentos e a praga de gafanhotos que afectou grandes comunidades da região estão na base da actual situação.
Em busca de alimentos, mais de duas mil pessoas fugiram da província do Cunene para a república vizinha da Namíbia.
Fazer regressar essas famílias ao país é um objectivo assumido pelo Governo angolano, numa tarefa que não se afigura fácil, como admite o vice-governador do Cunene para o Sector Político e social.
“Isto requer uma atenção muito especial porque o que nos indica o clima da região, não promete que este ano venhamos a ter chuvas suficientes para fazer com que as pessoas regressem para as suas áreas de origem e praticar sobretudo agricultura e a criação de gado”, alerta Apolo Dinoulenga.
Por seu lado a vice-governadora do Namibe para o Sector Político e Social, Maísa Tavares, acredita nos projectos quer governamentais quer de organizações não governamentais locais “para inverter o quadro”.
De acordo com o inquérito, a insegurança alimentar está presente nos 17 municípios que constituem as três províncias, mas com maior prevalência para as circunscrições de Cahama, Curoca e Ombadja, na província do Cunene, Gambos na Huíla, Virei e Camucuio na província do Namibe.
Apesar da divulgação dos dados que confirmam a insegurança alimentar na região, que enfrenta a sua pior seca de mais de 30 anos, o Governo de Angola resiste aos sucessivos apelos para decretar o estado de emergência no sul do país.