A escassas semanas do congresso da UNITA, que vai escolher um novo presidente, o actual líder do partido, Isaías Samakuva, lançou um forte apelo à unidade, reconhecendo implicitamente que há divisões internas sobre a liderança da sua organização. Parem com os disparates nas redes sociais, diz presidente do Galo Negro para quem no seu partido “não há savimbistas, nem samakuvistas, nem adalbertistas”.
Samakuva falava num discurso assinalando a data da independência em que disse que 46 anos após o fim da dominação colonial os angolanos ainda não controlam o seu país.
“Em geral, do petróleo à Banca, os angolanos, enquanto colectividade política, não dominam as tecnologias de produção, as cadeias de distribuição, os sistemas de informação e gestão, nem a produção de estudos e relatórios que sustentam as decisões do governo”, disse Samakuva.
“Todos os principais sistemas da cadeia produtiva de bens e serviços, inclusive a manutenção das redes de água e de energia das centralidades, são geridos ou garantidos por estrangeiro”, acrescentou o presidente da UNITA para quem “hoje, 46 anos depois de proclamada a independência, o povo, que detém a soberania, está prisioneiro da ignorância, da pobreza e das endemias evitáveis, os partidos que proclamaram a independência estão em crise, o Estado está capturado e a independência económica dos angolanos é uma utopia”.
Na UNITA “não há savimbistas, nem samakuvistas, nem adalbertistas
Mas foi o seu apelo aos militantes da UNITA que mais atenção chamou, por surgir depois do partido ter confirmado a recepção de uma carta de militantes que ameaçaram impugnar a reunião da Comissão Política que escolheu a nova data de um congresso em que se espera que Adalberto Costa Júnior venha a ser reeleito presidente.
O anterior Congresso da UNITA e a eleição de Costa Júnior foram anulados pelo Tribunal Constitucional depois de uma queixa de militantes e ex militantes do partido.
Dirigindo-se aos militantes do seu partido Samakuva apelou para se absterem das mensagens agressivas nas redes sociais e que não respondam a provocações mantendo o respeito, a unidade e a coesão interna.
“Na UNITA, há democracia, e democracia significa tolerância, ouvir o outro, mesmo que tenha opinião diferente”, afirmou o dirigente do maior partido da oposição.
“ Não se chamam nomes às pessoas que pensam diferente de nós. Na UNITA respeitamos os líderes, mas não seguimos pessoas, seguimos a causa. Seguimos objectivos, princípios e valores, consagrados”, disse.
“Na UNITA, não há savimbistas, nem samakuvistas, nem adalbertistas” acrescentou Samakuva que afirmou ainda que dentro do seu partido “há cidadãos, que se respeitam uns aos outros, que têm opiniões diferentes, mas estão unidos na prossecução da mesma causa, na defesa dos mesmos princípios e valores.”
“Não aceitem a divisão. A UNITA é um projecto de crença, de perseverança e de esperança. A UNITA é um partido digno e orgulhoso da sua história e não se deve permitir entrar em baixezas de insultos nas redes sociais. Não respondam a provocações! Vamos manter o respeito, a unidade e a coesão interna da UNITA para podermos ajudar depois a construção da unidade nacional”, sublinhou ainda o presidente da UNITA que classificou o acordo do Tribunal Constitucional de “uma armadilha política, que os outros querem que rebente debaixo dos nossos pés”.
Parem com os disparates
“Sabemos que vivemos num Estado cujas instituições foram capturadas para cumprir fins político-partidários: a Presidência foi capturada, o Parlamento foi capturado, os Tribunais foram capturados, a Procuradoria foi capturada, todo o Estado foi capturado. A nossa luta, democrática e pacífica, é resgatar o Estado. O nosso desafio é fazer isso a partir de dentro do próprio Estado capturado”, realçou.
“É preciso muita inteligência, serenidade e unidade. Não podemos vencer este desafio com arruaças, insultos e ânimos exaltados. Muito menos com visão curta, com mensagens agressivas nas redes sociais, culpando-nos uns aos outros”, afirmou , acrescentando que “nas mensagens que circulam nas redes sociais, parece estar na moda, o discurso da agressividade, os insultos e os disparates que só alimentam a intolerância e nada dignificam o nosso Partido.
“É preciso parar estas práticas. Apelo a todos que parem imediatamente com estas práticas” afirmou.