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Angola: “João Lourenço” acomoda militantes envolvidos em casos de corrupção

O VIII Congresso do MPLA realizado recentemente, foi aproveitado por João Lourenço para neutralização de um reduto de apoiantes de JES no Comité Central e Bureau Político (BP).

Segundo o África Monitor, foram observados cuidados para não reforçar a percepção de que João Lourenço persegue oponentes internos, que os seus detractores contrapõem a uma postura menos conflituosa da parte de José Eduardo dos Santos.

Apesar do discurso oficial anti-corrupção, uma lógica de não confrontação presidiu à recondução para o BP e CC de alguns dos principais quadros da alta hierarquia do partido directa ou indirectamente implicados em processos de corrupção.

A saber:

– IRENE NETO (IN), filha do primeiro PR, AGOSTINHO NETO, reconduzida como membro do BP; o seu marido CARLOS SÃO VICENTE está detido em Luanda; IN tem as contas bancárias bloqueadas devido ao processo que envolve o marido; mudou-se em 2020 para Portugal, mas regressou ao país em JUL. depois de garantias de que não seria alvo das autoridades, por críticas ao regime;

– HIGINO CARNEIRO, afastado do BP, mas reconduzido para o CC; é desde 2019 arguido em processos sob acusação dos crimes de peculato, violação de normas de execução do plano e orçamento, abuso do poder e de branqueamento de capitais, praticados de 2016-2017, altura em que ocupava a pasta de governador provincial de Luanda; a sua recondução terá sido antecedida de uma reaproximação directa a JL, que chegou a recebê-lo no decorrer de uma reunião partidária;

– VICTÓRIA de BARROS NETO, antiga ministra das Pescas e do Mar, reconduzida para o CC; alvo de um mandato de captura, emitido em JAN.2019, pelas autoridades da Namíbia, pelo seu envolvimento em corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais em que estão igualmente implicados dois ex-ministros namibianos, já a contas com a justiça naquele país; é deputada, gozando de imunidades.

– JOÃO MARCELINO TYIPINGE, reconduzido no CC; é arguido desde 2018, por desvio de fundos públicos enquanto governador provincial da Huíla. Enquanto estava a ser ouvido pela PGR, tornou-se deputado, gozando de imunidades.

– VIGÍLIO TYOVA, antigo governador provincial do Cunene, reconduzido no CC; é arguido desde 2020, acusado de desvio de fundos públicos e de bens destinados à população devido à seca naquela região.

Com o alargamento do CC, este passou a ter 693 membros, com os critérios de seleção de quadros a serem internamente colocados em causa, dada a presença significativa de figuras sem peso político e mesmo impreparadas.

Também a nível do BP, militantes com pouca expressão foram passados à frente de quadros jovens com experiência como Nuno Carnaval e António Paulo.  

 

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