O Presidente angolano defendeu hoje, em Kinshasa, a necessidade de reforçar a cooperação regional para combater o terrorismo e golpes de Estado, convidando outros chefes de Estado a refletirem sobre o tema na Cimeira de Malabo, na Guiné Equatorial.
João Lourenço lançou o convite na capital da República Democrática do Congo (RDCongo) onde decorre a 10.ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos Países Signatários do Acordo-Quadro para a Paz, Segurança e Cooperação na República Democrática do Congo e na Região.
O Presidente de Angola sublinhou no seu discurso que o objetivo da reunião é analisar os progressos alcançados no âmbito da implementação deste mecanismo multilateral que visa criar condições para que a RDCongo e a região consigam alcançar a paz e a estabilidade definitivas.
Lourenço manifestou-se preocupado com as dificuldades que ainda persistem na realização de ações de desarmamento, desmobilização, reintegração e reassentamento (DDR/RR) de ex-rebeldes na região.
“A acentuada porosidade das fronteiras dos países que integram a região dos Grandes Lagos e o lento progresso na demarcação das fronteiras internacionais entre os países da região, que se deve em parte à falta de recursos disponíveis para o efeito, dificulta os esforços para mitigar esta situação”, justificou.
Outra preocupação são os ataques conduzidos por grupos terroristas no leste da RDCongo e noutros países demonstrando a necessidade de fortalecer “a cooperação e coordenação regional no campo da segurança”, vincou.
Neste âmbito, Angola tomou a iniciativa de promover uma Cimeira sobre o Terrorismo e as Mudanças Inconstitucionais em África, que vai decorrer na Guiné Equatorial, entre 28 e 29 de maio, para refletir à volta dos golpes de Estado e do terrorismo no continente, bem como o de procurar as melhores soluções para desencorajar tais práticas.
“Por isso aproveito este palco para apelar a todos os chefes de Estado presentes para participarem da Cimeira de Malabo, pois será uma oportunidade única para nos debruçarmos à volta de um assunto que muito preocupa a todos”, apelou João Lourenço.
O chefe do executivo angolano congratulou-se, no entanto, com alguns acontecimentos recentes em prol da paz da região como a reabertura do posto fronteiriço de Gatuna-Katuna, a evolução positiva da situação na República Centro-Africana, que conduziu à declaração unilateral de cessar-fogo por parte das autoridades governamentais e “os significativos progressos registados para a normalização das relações entre o Ruanda e o Burundi e entre o Uganda e a República Democrática do Congo, assim como a realização, de forma pacífica, de eleições gerais” em alguns países.
O chefe de Estado angolano felicitou o Presidente da RDCongo pelos esforços que vem desenvolvendo no sentido da erradicação dos grupos rebeldes no leste do país e da reconciliação de todas as forças vivas da nação congolesa.
“Estas ações reforçam a ideia e a esperança de que a nossa sub-região está a despertar para a necessidade da construção da estabilidade e da segurança como fatores incontornáveis para assegurar a concretização dos nossos grandes objetivos de redução da pobreza e de construção do bem-estar e prosperidade dos nossos povos”, frisou.
A reunião de cúpula acontece hoje e terá a participação de delegações dos 13 países ligados ao Acordo-Quadro para a Paz, Segurança e Cooperação na República Democrática do Congo: Angola, Burundi, Quénia, República Centro-Africana, Congo, República Democrática do Congo, Ruanda, África do Sul, Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.
João Lourenço participa na cimeira enquanto Presidente da República de Angola, mas igualmente porque assume a presidência temporária da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos.