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Angola: João Lourenço garante “eleições gerais” no próximo ano

Os rumores de que o MPLA estava a criar condições para adiar as eleições de 2022 eram cada vez mais intensos. No discurso do Estado da Nação, o Presidente angolano afastou esta hipótese. A próxima batalha será o congresso do partido.

A especulação de que o governo angolano e o MPLA poderiam estar a preparar um adiamento das eleições gerais previstas para o próximo ano foi desfeita durante o discurso do Estado da Nação proferido na passada semana por João Lourenço na Assembleia Nacional.

Esta conclusão é baseada na circunstância do chefe de Estado angolano se ter referido a este “ato solene” como um “importante evento que assinala o arranque da última sessão legislativa”. Com esta formulação, que repetiu três vezes ao longo da sua intervenção, o Presidente angolano dá como adquirido que o fim da legislatura acontecerá em 2022 e coloca um ponto final no rumor de que poderia estar a ser preparada uma estratégia visando o prolongamento do seu mandato, assim como o dos deputados, por mais um ano.

Todavia, o caminho até às eleições gerais de 2022 não se avizinha fácil. Por duas ordens de de razão, sendo uma delas uma novidade absoluta, a de João Lourenço poder ter concorrência na corrida à presidência do MPLA no congresso marcado para dezembro. António Venâncio, membro do partido há 48 anos, anunciou publicamente a sua candidatura. “Vivemos o multipartidarismo, mas ao nível do MPLA precisamos de inaugurar uma nova era, a era da competição interna. É isso que tento fazer para desafiar as alternativas que tentamos ensaiar e que, do meu ponto de vista, não deram resultados. Portanto, trago mais uma alternativa para o partido e para o país, e veremos o que os delegados vão dizer”, afirmou António Venâncio à Deutsche Welle. Em paralelo, Irene Neto, Higino Carneiro e Pitra Neto, têm sido apontados como outros possíveis adversários de João Lourenço.

Além da disputa interna, Lourenço enfrenta também uma oposição unida em torno de Adalberto da Costa Júnior. A sua indigitação como presidente da UNITA foi considerada ilegal pelo Tribunal Constitucional, decisão vista por alguns setores como uma tentativa de o impedir de se apresentar às eleições gerais, mas que deixa perceber alguma inquietação do MPLA.

O facto de o líder da UNITA ser considerado um perigo para a hegemonia do MPLA está patente numa informação avançada na passada semana pelo jornal Público, segundo a qual a Procuradoria-Geral da República de Angola está a investigar Adalberto da Costa Júnior pelo crime de homicídio, em resultado de uma queixa-crime apresentada em março deste ano.

Menos IVA, mais negócios

De todo o modo, nem tudo são desvantagens para João Lourenço. A subida do preço do petróleo poderá dar uma folga relevante em ano de eleições e o ambiente de negócios no país voltou a registar alguma dinâmica, sobretudo devido aos investimentos anunciados no setor diamantífero.

No plano social, o chefe de Estado angolano anunciou ainda uma “redução significativa do valor a pagar pelo IVA sobre um conjunto de bens de consumo, o que vai baixar necessariamente os preços finais dos mesmos e aliviar o atual custo de vida”, na esperança de que esta medida o possa fazer reconquistar o apoio da classe média e dos mais desfavorecidos, os mais penalizados por uma conjuntura económica adversa, em grande parte resultante da pandemia de covid-19.

Pelo caminho, João Lourenço não esquece o combate à corrupção, uma bandeira de grande popularidade.

 

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