O Presidente angolano assegurou hoje que “está para breve” a retoma da ligação aérea entre Luanda e Praia, o que acontecerá nos próximos meses, perspetivando alcançar uma cooperação estratégica entre ambos os países porque “o céu é o limite”.
João Lourenço, que falava numa comunicação conjunta com o seu homólogo de Cabo Verde, José Maria Neves, no final das conversações oficiais, considerou que satisfazer apenas a necessidade da ligação aérea entre os dois países “é uma ambição bastante pequena”.
“É preciso que se resolva, mas é bastante pequena”, afirmou o Presidente angolano, assinalando que os laços de cooperação entre Angola e Cabo Verde deverão ser elevados para o nível da cooperação estratégica.
“Quando pergunta até onde é que pretendemos ir com esses laços de cooperação dos nossos dois países devo dizer que o céu é o limite, pretendemos elevar as nossas relações de amizade e cooperação para um nível de cooperação estratégica”, respondeu aos jornalistas.
A retoma da ligação aérea entre Angola e Cabo Verde constituiu um dos pontos nas conversações oficiais, na primeira visita oficial de José Maria Neves a Angola.
O Presidente angolano garantiu, na ocasião, que a ligação entre as duas capitais, Luanda e Praia “e, eventualmente, para a Ilha de Sal deve acontecer de imediato”, referindo que já decorrem trabalhos nesse domínio.
“A nível dos dois governos estamos já a trabalhar de algum tempo para cá no sentido da retomada dos voos Luanda-Praia e eventualmente Luanda-Sal, passando ou não por São Tomé, mas não para ficar apenas aí”, notou.
Para João Lourenço, a retoma da ligação aérea entre Luanda e Praia tem igualmente como propósito fazer a ligação com os países da região a África Ocidental, onde Cabo Verde está inserido, para e Europa e os Estados Unidos da América.
“A nossa ambição em termos de aviação civil é não apenas ligarmos as duas capitais, mas é a partir de Praia irmos, para além disso, atingindo os países da África Ocidental, isso vai acontecer em breve, não sei precisar quando, mas nos próximos meses isso vai se tornar já numa realidade”, assinalou.
Questionado se a frase de António Agostinho Neto, primeiro Presidente angolano, segundo a qual “o mais importante é resolver o problema do povo” continua atual nas ações dos dois governos, João Lourenço referiu que frase “continua atual nas ações” do seu executivo.
José Maria Neves, eleito Presidente de Cabo Verde em outubro de 2021 e em funções desde novembro, realiza em Angola a sua primeira visita de Estado entre 09 e 12 de janeiro.
O chefe de Estado angolano enalteceu a visita do seu homólogo cabo-verdiano ao seu país, tendo garantido trabalhar no sentido de se “tirar maior proveito possível das potencialidades existentes entre ambos os países nos vários domínios da economia”.
“Estamos a trabalhar mais recentemente num acordo aéreo e marítimo, uma vez que a nossa companhia de bandeira é detentora de meios aéreos, de alguma forma ociosos, que seriam melhor aproveitados e Cabo Verde é detentora de licenças que lhe permitem voar para países que Angola não voa”, realçou.
Cabo Verde, sublinhou João Lourenço, é um país que “investiu muito no homem e gostaríamos de aproveitar a possibilidade que Cabo Verde nos dá de, por exemplo, no setor da hotelaria e turismo ver se Angola consegue atingir os níveis que Cabo Verde tem nesse domínio”.
“Angola tem potencialidades adormecidas, precisam de ser exploradas, mas para isto acontecer o fator homem é importante e gostaríamos de beber a vossa experiência, mas há outros domínios que estamos a explorar a nível dos governos em benefício de ambos os países”, notou.
No decurso das conversações, o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, convidou o seu homólogo para visitar o país insular, um convite aceite por João Lourenço.
“Devo declarar aqui que aceito de bom grado realizar esta visita nas datas que as nossas diplomacias estabelecerem”, referiu o Presidente angolano.
José Maria Neves discursa ainda hoje na sede do parlamento angolano e prossegue amanhã a sua agenda com visita a instituições públicas e um encontro ao fim da tarde com a comunidade cabo-verdiana residente em Angola.