Manifestantes que se presume serem militantes da UNITA impediram jornalistas da TV Zimbo de gravarem entrevistas durante a manifestação do passado sábado, 11, organizada por aquele partido da oposição, confirmou um dos jornalistas. Polícia diz ter havido ocorrência mas não há queixas de agressões.
O profissional daquela rede de televisão, que pediu anonimato por temer represálias, disse que não foi agredido fisicamente como alegado pelo partido no poder, o MPLA, mas que ele e outros jornalistas foram impedidos de gravar entrevistas por supostos militantes da UNITA.
A TV Zimbo e a Televisão Pública de Angola (TPA) disseram que não vão fazer a cobertura de eventos da UNITA ou entrevistar os seus dirigentes, enquanto o partido não pedir descullpas públicas pelo que passou.
Entretanto, o porta-voz da Polícia Nacional (PN) em Luanda, superintendente Nestor Goubel, confirmou que jornalistas da TV Zimbo e da TPA, no exercício da profissão, foram impedidos de fazer o seu trabalho.
“Aos jornalistas da Zimbo quase não lhes permitiram fazer o seu trabalho, é uma situação que nós estamos a acompanhar e que a sociedade toda repudiou”, disse.
Goubel acrescentou, no entanto, não ter havido qualquer queixa-crime ou agressão física durante a manifestação.
“Queixa como tal a polícia não recebeu”, reafirmou.
Aquele responsável deu ainda nota negativa a militantes da UNITA que no fim do acto marcharam em direcção ao Largo Primeiro de Maio.
“A polícia não teve intervenção de grande realce, mas aqui cabe uma nota de repúdio porque se já tinham cumprido o itinerário não precisavam voltar até o Primeiro de Maio porque isso cria constrangimentos”, concluiu o porta-voz da PN em Luanda.
O Bureau Político do MPLA emitiu um comunicado apelando à justiça angolana para chamar à responsabilidade os autores do “acto bárbaro”, que, segundo disse, colocou em causa a integridade física e dignidade de profissionais da informação.
A manifestação da UNITA e de outros partidos da oposição foi convocada para protestar contra a nova lei eleitoral que, foi entretanto rejeitada, pelo Presidente João Lourenço.
A lei orgânica das eleições gerais vai ser reavaliada pelo Parlamento.