Assinala-se esta quinta-feira (03.12) o Dia Internacional da Pessoa Portadora de Deficiência. Na província angolana do Bengo, pessoas com limitações físicas sentem-se marginalizadas e lançam um grito de socorro.
O angolano Ambriz Domingos, de 32 anos de idade, sobreviveu a um acidente vascular cerebral (AVC) quando tinha oito anos. As sequelas do incidente fazem-se sentir até hoje. O jovem residnete na província angolana do Bengo tem dificuldades em movimentar os braços e as pernas. A deficiência física tem repercussões graves na sua vida privada.
“Fui ao encontro de uma menina para pretendê-la. Ela, sem mais nem menos, disse-me que não pode namorar com alguém que é deficiente. Senti-me muito mal, muito baixo mesmo, mas também não me tirou o prestígio de pessoa”, conta.
Com uma lágrima no canto do olho, o professor Bastos Gaspar, de 26 anos, deficiente há 23, partilhou com a DW África o momento mais recente de discriminação que vivenciou.
“Estive na paragem. De repente, apareceu um taxista e eu tentei subir. Ele disse: ‘Não, você que está com pau não pode subir no meu carro'”, lembra.
“Todos nós temos defeitos, ninguém nasceu perfeito. Necessariamente, devemos olhar para a pessoa portadora de deficiência do mesmo jeito que olhamos para aquelas pessoas que não são deficientes”, acrescentou.
Rejeição generalizada
João Pedro, de 29 anos, foi rejeitado várias vezes em candidaturas a empregos pela deficiência física que sofre desde os quatro anos de idade.
“Não podem só nos olhar como deficientes e pensar que não podemos fazer nada. O que eu devo chamar atenção: Olhem para nós como seres humanos, também”, disse.
Dados preliminares do Gabinete de Tutela indicam que na província angolana do Bengo vivem mais de 3.500 portadores de deficiência. A Diretora do Gabinete de Ação Social, Família e Igualdade do Género, Felisberta da Costa, apela à sociedade no sentido de valorizar mais a pessoa com deficiência.
“O deficiente não deve ser marginalizado. O deficiente é aquele que vai à luta. O deficiente deve enquadrar-se na sociedade, não deve sentir-se isolado, porque a deficiência é um estado físico que devemos aceitar”, disse.
“Sempre que tivermos um deficiente, não devemos pensar que ele é inútil no nosso meio. Ele deve ser considerado e ter o mesmo carinho que os outros filhos recebem”, acrescentou.