Centenas de jovens tentaram hoje sair à rua em Luanda para uma manifestação proibida pelas autoridades angolanas, que os persegue pelos bairros adjacentes na estrada de Catete.
Antes das 11:00, hora para que estava agendada a manifestação proibida, os jovens tentaram aproximar-se do local combinado, junto ao cemitério de Santa Ana, de onde deveriam sair em direção ao centro da cidade, mas foram impedidos pelas barreiras que a polícia havia instalado na zona.
Gritando palavras de ordem como “a polícia é do povo não é do MPLA” ou cantando o hino nacional angolano numa atitude de confronto com as autoridades, os jovens foram alvo de cargas policiais, com recurso a balas de borracha e gás lacrimogéneo, e fugiram para os bairros adjacentes da zona.
Desde então, os elementos da Polícia de Intervenção Rápida têm tentado intimidar os jovens, entrando pelos bairros, muitos com estradas de terra batida, para dispersar os manifestantes. Mas, por diversas vezes, os jovens reorganizaram-se e têm tentado realizar ações de protesto na estrada principal, a avenida Deolinda Rodrigues.
A lusa testemunhou várias incursões policiais nos bairros adjacentes onde grupos de jovens desafiavam as autoridades, apelando ao direito de manifestação e salientando os fins pacíficos da mesma
A repressão policial, cumprindo a decisão do governo de proibir a manifestação, impediu os jovens de se aproximarem-se do centro da cidade e do Largo da Independência.
De acordo com os ativistas, há feridos entre os manifestantes e, cerca das 13:00, grupos de manifestantes tentaram de novo ocupar a estrada principal, gritando “violência não”. Em resposta, a polícia disparou mais gás lacrimogéneo.
Angola assinala hoje 45 anos da independência do país, um dia feriado, em que estava prevista a realização de uma manifestação, organizada por um grupo de jovens ativistas, com o objetivo de exigir melhores condições de vida e que seja apontada uma data para as primeiras eleições autárquicas.
O Governo da Província de Luanda proibiu a realização desta manifestação, evocando diversos motivos, um dos quais o não cumprimento do Decreto Presidencial sobre o estado de calamidade pública, que impede ajuntamentos de mais de cinco pessoas nas ruas, como medida de prevenção e combate à propagação da covid-19.