O julgamento do empresário luso-angolano Carlos São Vicente, indiciado pelos crimes de peculato e branqueamento de capitais, começa hoje na 3.ª Secção Criminal do Tribunal da Comarca de Luanda, após adiamento no passado dia 26 de janeiro.
O início do julgamento de Carlos São Vicente, preso preventivamente desde setembro de 2020 na Comarca de Viana, teria início em 26 de janeiro, mas foi adiado para hoje devido à “notificação tardia” ao arguido, como justificou, na ocasião, o juiz da causa, Edson Escrivão.
Branqueamento de capitais, fraude fiscal, envolvendo valores superiores a mil milhões de euros, e peculato são os crimes imputados a Carlos São Vicente, casado com Irene Neto, filha do primeiro presidente angolano, António Agostinho Neto.
O francês François Zimeray, um dos advogados de São Vicente, voltou a criticar, recentemente, a detenção do seu cliente, sobretudo a sua “excessiva prisão preventiva”, augurando, no entanto, que seja feita a justiça.
De acordo com a acusação, “o empresário, que durante quase duas décadas teve o monopólio dos seguros e resseguros da petrolífera estatal angolana Sonangol, terá montado um esquema triangular, com empresas em Angola, Londres e Bermudas, que gerou perdas para o tesouro angolano, em termos fiscais, num montante acima dos mil milhões de euros”.
A mulher do empresário, Irene Neto, membro do comité central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) lamentou, em 26 de janeiro, a condição física de Carlos São Vicente, admitindo que este “emagreceu muito”.
As autoridades judiciais angolanas ordenaram a apreensão de bens e contas bancárias pertencentes ao empresário, dono da AAA Seguros, tendo a Procuradoria-Geral da República de Angola pedido também o congelamento de contas bancárias e apreensão de bens de Irene Neto.