No Sumbe, província angolana do Kwanza-Sul, longas filas para o registo eleitoral com vista as eleições gerais de 2022 geram insatisfação. À DW África, cidadãos relatam esperar até quatro horas para serem atendidos.
Em Angola, o processo de registo eleitoral na província do Kwanza-Sul, que teve início em setembro, tem sido marcado por muitos entraves.
Cidadãos disseram à DW que estão preocupados com a lentidão do servidor. Juliana Alberto relatou que precisou aguardar na fila por mais de três horas.
”Até agora não fui atendida, dizem que o processo está muito lento e estou aqui desde às 9h da manhã. Que nos digam a verdade – se aguardamos ou se regressamos para casa”.
Rodrigues Ekele chegou às 7h da manhã e às 11h20 também ainda não tinha sido registado. Segundo relatou, ”há pessoas que furam as filas porque são conhecidas dos operadores”, disse.
“A minha mensagem é para criarem mais postos, para que se diminuia [o tempo de espera] a que estas pessoas estão a ser submetidas”, acrescentou.
Outro cidadão, que preferiu anonimato, também tinha as mesmas queixas e manifestou frustração.
“Não sei ainda quando serei atendido. Os primeiros, chegaram aqui às 4h da manhã”.
As promessas do MPLA
A DW África ouviu os membros dos partidos políticos que fiscalizam o processo. O secretário municipal do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido no poder, António Wenga Franco, prometeu que, em breve, o processo será acelerado.
”Quando as brigadas móveis entrarem em campo o processo vai acelerar […]. O que acontece é que o sistema é concentrado e isso cria grandes filas”, explicou.
Franco acrescentou que o processo vai até março, por isso apelou às pessoas “que tenham calma”.
“Queremos acreditar que até ao final do processo todos os cidadãos maiores terão o processo de atualização efetuado e estaremos, todos, em condições de ‘fazer a festa em 2022”’, disse.
Os apelos da UNITA
Já o secretário municipal da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) no Sumbe, Milagre Fela, diz que a preocupação do maior partido da oposição está relacionada com o servidor instalado.
”Com este servidor fica difícil […]. Não é satisfatório como nós esperávamos. Muitos vão até a administração para tratar do seu cartão de munícipe e não conseguem levar os cartões”, explicou.
“Afinal, qual é o propósito deste registo aqui? Meu apelo vai no sentido de os cidadãos não recuarem. É verdade que é stressante, mas vamos suportar com calma e serenidade”, acrescentou.
Por sua vez, o diretor municipal de Registo e Modernização Administrativa, Emanuel Ferreira, explica que os constrangimentos são técnicos e garante que até a próxima semana tudo estará ultrapassado.
“Garantimos que até a próxima semana a situação fica resolvida. Para as eleições de 2022, o acesso ao voto será feito com o bilhete de identidade. Por isso, apelamos às pessoas que fiquem calmas, pois todos serão atendidos”.
Até ao momento foram registadas mais de 3 mil pessoas no Sumbe.