Quatro dos seis integrantes da CASA-CE exigem a destituição do seu presidente, André Mendes de Carvalho “Miau”. Analista acredita que a coligação está “em vias de se desmoronar” e que a crise vai favorecer o MPLA.
A Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) entrou em “letargia” com André Mendes de Carvalho “Miau” na presidência, entende Simão Makazo.
Para o líder do Partido Democrático para o Progresso e Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA), que integra a coligação, está na hora de destituir o líder da CASA-CE para dar lugar a alguém que possa “a breve trecho” trazer “dinamismo” e “alavancar” a força política.
“Essa lamentação dos militantes obrigou a direção da CASA-CE a pedir a demissão do presidente ‘Miau’, para ser substituído por um outro”, comenta Makazo em entrevista à DW África.
Seria essa pessoa Abel Chivukuvuku? Makazo é peremptório: “Não, não. É um outro que não é Chivukuvuku.”
A verdade é que Chivukuvuku realiza, na quarta-feira (03.02), em Luanda, uma conferência de imprensa sobre o seu futuro político. Em fevereiro de 2019, Abel Chivukuvuku foi destituído da liderança da CASA-CE, que fundou em 2012, por “quebra de confiança”.
“Miau” a par da situação
Dois anos depois, agora é a vez de os partidos que compõem a coligação pedirem o afastamento de “Miau”.
Em entrevista à Rádio Nacional de Angola, esta terça-feira (02.02), André Mendes de Carvalho disse estar a par da situação e prometeu falar sobre o assunto dentro de duas semanas.
“Há um processo à volta desta situação que está a ser gerido internamente”, confirou.
Entretanto, nos corredores já se fala num possível substituto do político – Manuel Fernandes, um dos membros da presidência da coligação.
Contudo, dois dos seis partidos que compõem a CASA-CE não se reveem neste processo. Um deles é o Bloco Democrático (BD), do histórico Justino Pinto de Andrade.
CASA-CE perto da derrocada?
Para o jornalista angolano Ilídio Manuel, esta nova crise na CASA-CE augura um futuro incerto para a coligação.
“Isso tudo prova que a CASA-CE está em vias de se desmoronar. Trata-se de uma coligação que foi criada sem ter os alicerces bem assentes”, avalia.
O analista prevê também dias difíceis para toda a oposição angolana até 2022, ano de eleições gerais.
“Ainda poderá haver muito mais dissidências no seio dos partidos da oposição. De certo modo, isso reforçará quem está no poder.”