A vice-presidente do MPLA, Luísa Damião é apontada no círculo dos camaradas de não manifestar interesse em alinhar, na prática, à “vontade” do presidente do partido, João Lourenço, que diversas vezes defendeu nos seus discursos, o fim do “nepotismo, cabritismo, tráfico de influências e corrupção”, ao colocar na lista do Comité Central dois filhos e a nora no Comité Provincial de Luanda.
As suspeitas são sustentadas com a recente colocação de dois filhos na lista do próximo Comité Central do MPLA, um órgão da estrutura máxima do partido no poder, que facilita ascensão de dirigentes para determinados cargos no Executivo e no aparelho do Estado angolano.
O actual líder do MPLA, após a sua eleição como presidente do partido e da República, escolheu como bandeira do seu mandato, o combate “à corrupção, o nepotismo, a bajulação e a impunidade”, males que segundo João Lourenço “se implantaram” em Angola nos últimos anos, causando à economia angolana “muitos danos” e afectando deste modo “a confiança dos investidores, porque minam a reputação e credibilidade do país”.
No seu discurso de tomada de posse no VI congresso extraordinário, o líder do partido no poder referiu que os males apontados passam a ser “o inimigo público número um” contra o qual o partido tem “o dever e a obrigação de lutar e de vencer”.
João Lourenço dizia mesmo que “nesta cruzada de luta, o MPLA deve tomar a dianteira, ocupar a primeira trincheira, assumir o papel de vanguarda, de líder, mesmo que os primeiros a tombar sejam militantes ou mesmo altos dirigentes do partido, que tenham cometido crimes ou que pelo seu comportamento social estejam a sujar o bom nome do partido”, defendeu na altura.
Fontes do portal O Decreto confidenciaram que “a prática tem demonstrado o contrário aos bons discursos, que o camarada presidente do partido tem proferido”, apontando como o exemplo mais recente da vice-presidente dos camaradas, que decidiu colocar os dois filhos na lista do Comité Central.
Segundo apurou O Decreto, trata-se de Nivaldo Fragoso e Claudeth Fragoso, (já membro), para a composição do próximo Comité Central, que sairá do VIII Congresso Ordinário a ter lugar nos dias 9 e 11 de Dezembro deste ano, na capital do país.
A fonte indica também que, no quadro do “nepotismo da Luísa Damião”, a vice-presidente do MPLA “impôs” na lista do comité provincial os nomes da nora e de um dos filhos, “bafejados com a sorte” de serem membros do Comité Provincial do partido em Luanda, cuja eleição aconteceu este sábado, 30, na conferência de Luanda, que reconduziu o político Bento Bento ao cargo de 1º secretário provincial do MPLA.
Recorda-se que “Luísa Damião foi eleita ao cargo de vice-presidente do MPLA, na noite do dia 8 de Setembro de 2018, pelo Comité Central na primeira reunião deste órgão horas depois de ter terminado o VI Congresso Extraordinário do partido, que pôs fim a 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos (JES), suplantando na altura na concorrência a Carolina Cerqueira”.
Foi jornalista e é deputada do partido governante pelo círculo eleitoral nacional desde 2012, e preside actualmente ao Grupo de Mulheres Parlamentares.
Na sua trajectória política, Luísa Pedro Francisco Damião já foi secretária nacional para a Informação e Novas Tecnologias da Organização da Mulher Angolana (OMA), e é mestre em Ciências da Comunicação, tendo já trabalhado como jornalista, psicopedagoga e comunicóloga.
De 2002 a 2007, foi conselheira de imprensa da Embaixada de Angola em Cuba e, entre 2007 e 2009, foi directora de informação da Agência Angola Press (ANGOP), tendo, posteriormente, sido administradora para a área da Informação.
Tentamos o contacto com a Luísa Damião mas sem sucesso.