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Angola: Lukamba Gato apela “João Lourenço” ao envio urgente de mensagem de distensão política à nação

O quadro político do maior partido da oposição angolana, UNITA, general Lukamba Paulo Gato, defende que o Presidente da República, João Lourenço, deve convidar o Presidente do maior partido na oposição, Adalberto Costa Júnior para que num diálogo franco, aberto e fraterno possam redefinir com a maior clareza e rigor um novo quadro de relações não só bilaterais mas com a oposição e a Sociedade Civil, lato sensu.

O parlamentar, em dados que tevemos acesso, relata que num contexto político histórico em que estavam envolvidos vários protagonistas, no caso de Angola o MPLA, a FNLA e a UNITA, criar slogans como “o único e legítimo representante” ou ainda “ao inimigo nem um palmo de terra”, é sem dúvidas a expressão mais acabada e ao mesmo tempo primária da intolerância.

Disse então que, na região Austral do continente africano, houve dois países em que por ocasião das respectivas independências o multipartidarismo era já um facto, referindo-se de Angola e do Zimbabwe.

Segundo o deputado, no Zimbabwe a ganância e a intolerância de uns levaram à chamada “fusão” dos dois partidos históricos, a ZANU de Robert Mugabe e a ZAPU de Joshua Nkomo, tendo resultado na ZANU-PF, sob a liderança exclusiva de Robert Mugabe, cujas consequências são por todos conhecidas.

“Eu tive o privilégio de visitar em 1976, a antiga capital da Rodésia, Salisbury, era algo de encher os olhos de qualquer pessoa. Hoje a antiga jóia bem no interior do continente implantada, passou a chamar-se Harare e não pode orgulhar ninguém e cerca de 1/3 da sua população encontrou refúgio na vizinha Africa do Sul, em busca de melhores condições de vida”, conta.

No caso de Angola, país que o viu nascer, observou que o cenário na essência não foi diferente, mesmo se em contextos distintos.

Nestes termos, recorda que Angola de até 1974, rivalizava apenas com a Africa do Sul em termos de desenvolvimento económico e social, quando Angola detinha na altura uma robusta e competitiva economia baseada no desenvolvimento do sector primário da economia.

Infelizmente, lamenta, um concurso de circunstâncias endógenas e exógenas, conduziu o país, antes mesmo da independência, a uma guerra civil fratricida que durou 16 longos anos.

Por outra, ressaltou que criadas as condições políticas para o regresso ao diálogo, e logo no primeiro contacto entre o Governo da República Popular da Angola e a UNITA, em 1990 em Évora, Portugal, a proposta que a UNITA recebeu foi exactamente a integração pura e simples das pessoas da UNITA no partido único.

“Nem sequer houve o cuidado de propor “diplomáticamente” a fórmula do Zimbabwe!

“A tolerância começa mesmo com a relativização do absoluto”, disse General Gato.

Em Africa, de acordo com o político, devido à grande diversidade de povos, línguas, cultura e tanto mais, ninguém pode ter a veleidade de autoproclamar-se de o “único e legítimo representante” de todos os povos que configuram a ideia de Nação. “Para nós os angolanos deviamos reter as lições do nosso passado turbulento para que digamos nunca mais aos actos que de perto ou de longe se possam assemelhar à intolerância”.

Apelou através desta reflexão que, a quem recair a responsabilidade de ser Presidente da República neste país, caberá em todas as circunstâncias ter em conta a realidade histórica, politica e cultural de Angola, tendo em consideração que em Angola cada um representa alguma coisa, daí a necessidade permanente de diálogo e do compromisso, na mais ampla plataforma que é a tolerância.

“Senhor Presidente, João Manuel Gonçalves Lourenço!

Em nome do interesse nacional, envie ao país uma mensagem de distensão política, pois ela é absolutamente necessária no contexto actual caracterizado por uma profunda crise económica, social e de valores do ponto de vista moral e cívico”, apelou.

Deseja com isso que o país não seja eternamente refém das desconfianças patológicas entre os seus principais actores políticos, exortando à capitalização dos factores de união. “O que nos une é incomensuravelmente mais forte e permanente do que o que nos divide”.

 

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