O político Lukamba Gato, disse que Holden Roberto, foi de forma obstinada e implacável combatido, em 1975, na cidade capital angolana, Luanda, o que para este a história pode estar a repetir-se na pessoa de Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, recentemente tratado publicamente como estrangeiro.
Em declarações, disse que naquela altura, a propaganda rotulou os membros da FNLA de zairenses, antropófagos e gatunos (Samuel Abrigada), pelo simples facto de a FNLA ter sido, entre os 3 Movimentos de Liberação, o mais forte e mais poderoso, sobretudo no plano militar.
“A FNLA era uma ameaça real aos intentos de Agostinho Neto que nunca aderiu de facto ao Acordo de Alvor, até expulsar os outros signatários da capital”, conforme Lukamba Gato.
Com o tempo, recorda ainda, a UNITA que não teve outra alternativa senão retomar o maquis e resistir ao partido único, foi ganhando espaço, apoios e pujança até que passou a ter o controle de uma parte importante do território Nacional, tornando-se assim numa verdadeira ameaça ao poder instalado em Luanda.
Segundo o político, escusado seria descrever a forma como o seu líder, Jonas Malheiro Savimbi, foi combatido por todo o aparelho de Estado, utilizando o método da diabolização ao extremo, sendo um dos seus próprios filhos igualmente “utilizado” nessa mega operação de linchamento político, até a sua eliminação física em 2002.
A partir deste período histórico, lembra, num esforço titânico de todos os seus membros, a UNITA colocou-se na lógica do seu crescimento e desenvolvimento num ciclo que levou cerca de 20 anos.
“Depois do seu XIII Congresso em que os delegados “ousaram” eleger uma liderança que quebra o “status quo“ e inicia uma nova era na luta política num contexto em que também o partido maioritário se apresenta com novos actores e a Sociedade Civil vai dando sinais de grande vitalidade”, observou.
Apelou ainda que, todo este cenário envolto, num ambiente de pré-campanha eleitoral, cria sem dúvidas, um ambiente de tensões desnecessárias se interiorizarmos o facto de estarmos num país que se quer democrático e de Direito.
Mas como a história se repete.
Segundo Lukamba Gato, e, considerando os últimos factos, cujas reacções entre as comunidades têm sido recorrentes, inclusive nas redes sociais, está novamente tudo pronto para passar à acção recorrente da diabolização de ACJ, porque a UNITA volta a representar “uma ameaça real e extraordinária” para o partido no poder.
Afirmou que, desta forma, aplica-se a “máxima“ de sua Excelência o Comandante Geral da Polícia Nacional, sobre a resposta que o Estado tem de dar, em caso de ameaça: a DESPROPORCIONALIDADE na reacção.
“É absolutamente doentio, alucinógeno e sim, DESPROPORCIONAL, tratar um natural do município de Cinjenje, na província do Huambo, de cidadão estrangeiro”, observou ainda.
Fez referência que essa desproporcionalidade, nem mesmo para essa campanha serve, visto que o problema aqui não é bem uma questão de Nacionalidade, pois em Angola, a dupla nacionalidade é como dar um salto aí a Barra do Kwanza. “Nem vale a pena falarmos desse assunto sob pena de nos desviarmos do essencial”.
O que aqui perturba, relata, é o facto da UNITA ter eleito um cidadão angolano mestiço para sua liderança, numa altura em que este exercício da inteira responsabilidade dos seus membros, altera uma série de percepções que pesavam sobre a UNITA, no novo contexto de luta.
Lukamba Gato avançou que faz parte da cultura da UNITA assumir a defesa da sua liderança e não será diferente hoje, com o presidente, Adalberto Júnior.
“Meu apelo à classe política do país é o que tenho feito de forma reiterada que é mais diálogo, pensar Angola e cidadania. Aos membros da UNITA, serenidade e perseverança que já se tornaram uma maneira de ser e estar nas lides da política”, referiu.
Por último, disse que a UNITA veio de longe e tem um legado a preservar e fazer vingar com o apoio dos angolanos, o que exige grande abertura e um espírito dialogante.