A manifestação organizada pelo grupo que se tem batido pela luta contra aquilo a que chama “o falso combate à corrupção e à impunidade” vai mesmo avançar, garantiu esta sexta-feira, 20 de Novembro, Laura Macedo, uma das promotoras do protesto com a concentração dos manifestantes marcada para as 12h no Largo da Independência.
Laura Macedo, que, com Helena Vitória Pereira, Fernando Macedo, Leandro Freire e Muata Sebastião, encabeça esta manifestação, disse ao Novo Jornal que estão estabelecidas como condições para a realização da manifestação.
“Amanhã vamos gritar nesta manifestação” Angola diz basta “, porque as últimas manifestações (do dia 24 de Outubro e de 11 de Novembro) foram violentamente reprimidas pela Polícia Nacional”, tal Laura Macedo, esperando que os luandenses, que representam todo o povo angolano, “façam parte nesta manifestação pacífica”.
Laura Macedo lembrou que no dia 28 de Setembro os promotores da manifestação do dia 21 de Novembro comunicaram ao Governo Provincial de Luanda a realização desta manifestação.
“A Lei sobre o direito de reunião e de manifestação impõe ao governador o prazo de 24:00 a contar da recepção da comunicação dos promotores, para comunicar por escrito, de maneira fundada, no domicílio indicado pelos promotores, a proibição de realização de uma reunião ou uma manifestação se for caso disso se houver fundamento legal “, argumentou.
Segundo ela, “se o governador não comunicar aos promotores a proibição de uma reunião ou de uma manifestação no prazo de 24:00, esse silêncio é considerado como não havendo nenhum impedimento à realização dessa liberdade”.
“Os promotores da manifestação do dia 21 de Novembro têm legitimidade e expectativa de poderem exercer a sua liberdade de reunião e de manifestação sob protecção e não sob a actuação (violenta) ilegal da Polícia Nacional”, diz Laura Macedo.
Na manifestação, segundo apurou o Novo Jornal, os participantes vão solicitar uma investigação para apurar a responsabilidade civil e criminal do atual presidente da Comissão Nacional Eleitoral, Manuel Pereira da Silva “Manico”, cuja escolha foi contestada pela sociedade civil e pelos partidos da escolha .
Os organizadores escreveram também uma carta ao Presidente da República, João Lourenço, exigindo a demissão do seu chefe de gabinete, Edeltrudes da Costa, “por existirem provas de enriquecimento ilícito deste agente público”.
Esta é já a terceira vez que a população é convidada sair à rua em menos de um mês. Na primeira manifestação, no dia 24 de Outubro, milhares de jovens saíram à rua e concentraram-se nas modificações do Cemitério de Santana com o intuito de se dirigirem para o Largo 1º de Maio mas foram impedidos pela polícia, que deslocou para a zona antiga de efectivos, incluindo da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), das brigadas caninas e da cavalaria, para além dos agentes de Ordem Pública.
Apesar de ter sido uma iniciativa de organismos da sociedade civil, uma manifestação contou com o apoio da UNITA.
No dia 24 foram detidas 103 pessoas, entre elas jornalistas, que depois de algumas horas encarcerados, foram libertados. As restantes, incluindo duas menores, continuaram detidas e foram julgadas sumariamente, tendo sido libertadas já no dia 1 de Novembro, com 26 réus absolvidos e 71 condenados, pelo crime de desobediência, a uma pena de um mês de prisão convertida em multa.
No dia 11 de Novembro, a juventude voltou a pisar as ruas em protesto contra o elevado custo de vida, o desemprego e pela realização das realizações autárquicas e a Polícia Nacional voltou, mais uma vez, a reprimir, com recurso à violência, a manifestação.
Para além de dezenas de detenções, alguns activistas, como Manuel Nito Alves e Laurinda Gouveia, foram feridos durante confrontos entre manifestantes e polícias tendo sido levados de imediato para uma unidade hospitalar de Luanda. Mas a memória que fica desse dia é a da morte de Inocêncio de Matos, um jovem estudante de engenharia que participava pela primeira vez numa manifestação.