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Angola: Marcha “obrigatória” em honra a João Lourenço irrita professores

Convocatória para uma marcha, este sábado, de exaltação aos feitos do atual Presidente angolano, João Lourenço, gerou polémica. Sindicato dos professores já emitiu uma nota de repúdio.

Membros de direção, professores e alunos das escolas do Huambo são convocados a participar este sábado (12.02) na chamada “marcha patriótica” de apoio ao Presidente João Lourenço.

De acordo com os documentos a que a DW África teve acesso, com o logótipo e o carimbo do Governo Provincial do Huambo, a concentração está prevista para as 7 horas da manhã. Os participantes devem vestir “camisolas de cor branca” e é obrigatória a presença dos alunos da 9. à 12. classe.

O secretário provincial do Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) no Huambo, Abel Maravilhoso José, mostra-se indignado com a convocatória.

“Considerando que as instituições escolares são apartidárias, o SINPROF condena energicamente estes atos na nossa província. A participação deve emanar da livre vontade dos professores residentes na cidade do Huambo e não da coerção para uma marcha alheia ao processo docente educativo”, comenta o dirigente sindical.

Controlo de presenças

Na convocatória, que também foi enviada a outras instituições governamentais, pede-se para se fazer um controlo das presenças. Isso leva o sindicato dos professores a temer que quem não participar no evento será sancionado.

Mas Abel Maravilhoso José tranquiliza os seus filiados: “Não se sintam coagidos! Devem esperar que a lei se faça sentir. Não sintam medo pelas imposições das direções escolares.”

A DW contactou, por telefone, o diretor do Gabinete Provincial da Educação do Huambo, mas não obteve resposta.

Para o sociólogo Memória Ekolica, a convocação de funcionários públicos, professores e alunos constitui uma flagrante violação dos direitos de cidadania.

Ekolica diz estar preocupado, também na qualidade de encarregado de educação. “Estas pessoas são levadas para as manifestações para depois o partido no poder mostrar que tem muita popularidade, quando de facto são pessoas ameaçadas”, refere.

Segundo Eduardo Dumba Delfino, secretário da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) no Huambo, este posicionamento das instituições públicas revela o alto nível de partidarização no país.

“Deixem os nossos funcionários públicos, deixem os nossos estudantes, deixem os nossos alunos em paz. Não confundam Estado com partido político”, apela Delfino. “Angola está acima de qualquer partido político”.

 

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