Presidente da UNITA exonerou secretários provinciais, incluindo Nelito Ekuikui, responsável pela maior praça eleitoral do país. Analistas dizem que mudanças podem influenciar na eleição de novo líder, em dezembro.
As reações em torno das nomeações e exonerações de secretários provinciais da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) continuam. Entre os exonerados esta segunda-feira (01.11) está Nelito Ekuikui, ex-secretário deste partido em Luanda – a maior praça eleitoral do país.
Em breves declarações à DW África esta terça-feira (02.11), o jovem político disse que sai do cargo “de cabeça erguida”.
“Porque desempenhei o meu papel, naturalmente. Durante o tempo que fiquei como secretário, galguei os bairros de Luanda, contagiamos almas e fizemos o nosso trabalho. Saí de cabeça erguida”, afirmou.
Questionado sobre se estava aberto a novos desafios políticos no seu partido, Nelito Ekuikui respondeu apenas que vai continuar a lutar pela alternância política em Angola.
“Vou continuar a fazer o meu trabalho como militante do partido, como cidadão e, sobretudo, como angolano para continuarmos o movimento para alternância política no país, que é o mais importante neste momento”, disse.
Estruturas fragilizadas
Mas, para José Gama, jornalista angolano, a saída de Ekuikui em Luanda fragiliza as estruturas da UNITA. “Porque ele era um grande mobilizador, era a pessoa que estava a desativar as redes infiltradas do MPLA no interior do seu partido, chegando ao ponto de buscar, capturar 20 milhões de kwanzas que um grupo estava a usar para aliciar um secretário do Kilamba Kiaxe”, explica.
As candidaturas ao congresso de dezembro serão entregues esta semana. Será que estas mexidas poderão influenciar na escolha do novo presidente da UNITA? Até certo ponto “sim”, responde José Gama.
“Essas mexidas que estão acontecer, nós olhamos tudo isso com alguma delicadeza que, de uma forma ou de outra, podem também ter alguma influência na escolha do presidente” do partido, pondera.
Cidadãos descontentes
Muitos cidadãos, entre eles ativistas, estão descontentes com estas mexidas no maior partido da oposição angolana, sobretudo após a saída do secretário de Luanda. Este descontentamento é normal, considera José Gama.
“Está-se a notar que o nível de contestação popular à volta do MPLA e da sua governação é muito alto e estas pessoas estão a inclinar-se à UNITA, estão a mostrar alguma esperança à UNITA. Quando a UNITA faz algo que eles interpretam que não vai de encontro das suas ansiedades, dos seus desejos, as pessoas mostram algum desencanto”, conclui.