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Angola: Mfuka Muzemba renuncia à “militância na UNITA” oito anos depois de ser suspenso por suspeita de corrupção

O antigo secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), Mfuka Muzemba, deixou a militância na UNITA, evocando razões pessoais, e prometendo “abraçar em breve novos desafios”. Esta renúncia chega oito anos depois de a direcção do “Galo Negro” o ter expulsado da liderança da JURA, por suspeitar que o antigo dirigente recebeu milhões de dólares e viaturas para travar manifestações contra o antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

“Após um longo período de afastamento originado por bloqueios internos, decidi, com efeito, renunciar à minha militância no partido”, disse Mfuka Muzemba, num comunicado enviado as redacções dos órgãos de comunicação social.

O ex-deputado à Assembleia Nacional esclarece que deixa o partido “sem qualquer sentimento de mágoa e muito menos tristeza”, prometendo “abraçar novos desafios em breve”.

“A vida política aconselha-nos a proceder a balanços, em cada período, e tomarmos decisões que julgamos adequadas ao contexto. O tempo não é de arrependimentos, não é de críticas, nem de ajustar contas. É tempo de renovar esperanças e é tempo de perspectivar o futuro”, acrescenta, justificando que a decisão que tomou o torna “livre como um peixe que volta para a água”.

No documento, MFuka Muzemba refere que vai continuar a dedicar-se ao País, que “precisa de caminhar, que precisa dos seus filhos que sabem tomar as melhores decisões”.

UNITA suspendeu Mfuka por suspeita de corrupção

Em 2013, a direcção da UNITA suspendeu Mfuka Muzemba da liderança da JURA, por suspeita de este ter recebido milhões de dólares e viaturas para travar manifestações contra o antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Depois de oito meses de investigação interna, a comissão jurisdicional do partido concluiu que Mfuka Muzemba resistiu à corrupção, mas acabou por ceder e recebeu três casas de luxo no projecto habitacional “Kilamba”.

Além de várias viaturas, em quantidade não especificada, o líder juvenil terá recebido também dois milhões de dólares, para neutralizar manifestações contra o então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e colocar em letargia a sua própria organização, segundo a investigação na altura.

Em conferência de imprensa, Mfuka Muzemba, que foi acusado de corrupção activa e passiva, negou todas as acusações.

“Entrei na UNITA por convicção própria, por acreditar no seu projecto e nos seus ideais”, sublinhou Mfuka Muzemba, na altura com 36 anos, durante a apresentação de um documento a que deu o nome de “Renovar a esperança”.

A decisão de Muzemba mereceu, hoje, quinta-feira, 10, grande destaque na imprensa pública ou na esfera do Estado.

Mfuka Muzemba é o último caso de elementos com ligações à UNITA que rompem, nos últimos meses, com o partido e é, de todos os que foram “expostos” na comunicação social pública ou na esfera pública, o nome mais sonante.

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