O Ministério da Economia e Planeamento (MEP) de Angola descartou hoje qualquer recessão económica em consequência da estagnação da economia do país no primeiro trimestre de 2023, devido à queda petrolífera, considerando que “programa estruturantes” devem inverter o curso.
O chefe do departamento para a Política e Gestão Macroeconómica do ministério, Martins Afonso, apresentou hoje a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2023 e referiu que declínio trimestral não é sintomático de recessão.
“Esse crescimento de menos 1,1% é uma taxa trimestral, mas a variação homóloga representa um crescimento de 0,3%, agora quando nós comparamos em relação ao quarto trimestre de 2022, ali nós vamos registar um declínio de 2,3 pontos percentuais”, respondeu o responsável à Lusa durante um “briefing” com a imprensa.
Segundo Martins Afonso, o registo do Produto Interno Bruto (PIB) dos primeiros três meses de 2023 não se traduz numa recessão: “Mas a economia estagnou por conta de uma queda abrupta que se registou no setor petrolífero”.
“E o que ocorreu neste setor é que a quantidade de produção aqui caiu significativamente e isso refletiu-se na queda das exportações e refletindo-se nessa queda tem uma forte influência na capacidade da entrada de recursos, ou seja, que são as divisas”, sustentou.
O PIB de Angola fixou-se em 0,3% nos primeiros três meses de 2023, em termos homólogos, e recuou 1,1% face ao trimestre anterior, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano.
De acordo com a Folha de Informação Rápida, a que a Lusa teve acesso, esta é a primeira vez que o PIB trimestral desliza para terreno negativo desde o segundo trimestre de 2021.
O recuo na atividade de exploração e refinação de petróleo (1,11 pontos percentuais) esteve na base da variação trimestral negativa e crescimento anémico do primeiro trimestre de 2023.
Em termos homólogos, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) do petróleo teve uma queda de 8,0%, no primeiro trimestre de 2023, em relação ao trimestre homólogo, contribuindo negativamente em 2 pontos percentuais para a variação total do PIB.
Questionado sobre as ações para contrapor a estagnação registada na economia angolana nesse período, Martins Afonso apontou os programas estruturantes como o plano de produção de grãos e os planos de produção pesqueira e pecuária como “soluções”.
Segundo o responsável, estes planos “vão dinamizar o processo da diversificação económica e contribuir para o crescimento do setor não petrolífero” e o desafio que hoje já se verifica “é uma diminuição paulatina do setor petrolífero no peso do PIB”.
Destacou ainda, na sua intervenção, o crescimento do PIB de 0,3% no último trimestre, referindo que este foi “sustentado maioritariamente pelo setor não petrolífero que cresceu em 2,8% não obstante de uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) petrolífero em 8%”.
“O desempenho do PIB não petrolífero em 2,8% foi sustentado maioritariamente pelo setor dos transportes que cresceu 27% e o setor da extração com 22,9%, energia e águas, 7,80% e outros”, realçou ainda.
O setor petrolífero continua a ter maior participação nas receitas totais de Angola.