O Ministério das Finanças de Angola propôs hoje aos credores da dívida a compra antecipada de até 750 milhões de dólares, anunciando também a intenção de emitir, para a semana, nova dívida de até 3 mil milhões de dólares.
De acordo com a informação enviada aos investidores, o governo pretende antecipar o pagamento de até 750 milhões de dólares [670 milhões de euros] da dívida total de 1,5 mil milhões de dólares [1,35 mil milhões de euros], que vence em 2025 e tem um juro de 9,5%, e da emissão de 1,75 mil milhões de dólares [1,57 mil milhões de euros], que vence em 2028 e tem um cupão anual de 8,25%.
“A República está a oferecer uma recompra em dinheiro de até ao máximo anunciado [750 milhões de dólares] e sujeito às condições apresentadas no memorando, dos títulos de 2025 e de 2028”, lê-se na informação técnica enviada aos credores.
Com esta iniciativa, Angola consegue poupar o pagamento dos juros acordados, perto de 10%, e usa o montante que vai emitir na próxima semana, previsivelmente com uma taxa de juro menor, para saldar a dívida que tinha emitido.
Para além disso, na ideia das autoridades angolanas poderá também estar a vontade de evitar que os investidores fiquem demasiado expostos à dívida angolana, já que alguns que já têm títulos soberanos poderiam não poder comprar mais dívida, para não ficarem sobre-expostos a uma dívida considerada de risco, mas vendendo a dívida atual, ganham liquidez e disponibilidade para comprar mais, ainda que a uma taxa de juro provavelmente menor que a atual.
Na terça-feira, o Deutsche Bank e o Citigroup, mandatados pelo Governo angolano, vão reunir com os investidores, e depois para quarta-feira está então prevista a emissão de até 3 mil milhões de dólares em dívida soberana, conforme despacho presidencial publicado na quarta-feira.
“É aprovada a Estratégia de Gestão Ativa da Carteira dos Eurobonds e em especial o Memorando sobre a Oferta de Aquisição relativo ao resgate antecipado de alguns dos Eurobonds remanescentes emitidos pela República de Angola, e dependendo do nível de procura a emissão de novas séries de Eurobonds até ao montante de 3 mil milhões de dólares”, cerca de 2,7 mil milhões de euros, lê-se no Diário da República de 30 de março.
“A receita proveniente da emissão de Eurobonds destina-se ao financiamento do Memorando, em caso de excedente a financiar o Orçamento Geral do Estado”, acrescenta-se ainda no boletim oficial de Angola.