Estudantes angolanos pediram a demisão da ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Bragança, na marcha organizada neste sábado, 19, pelo Movimento de Estudantes Angolanos (MEA) no Uíge, que exigiu o regresso às aulas no ensino superior, paralisadas devido à greve dos professores. Marcha organizada pelo Movimento dos Estudantes Angolanos decorreu sem incidentes e pediu o fim da greve dos professores.
A marcha, seguida pela Polícia Nacional, decorreu sem incidentes, com a meia centena de estudantes a queixarem-se da falta de aulas.
Com hinos e cartazes, mostraram a sua insatisfação pela falta de solução dos problemas que estão na base da greve dos professores e pediram a demisssão da ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Bragança.
“Pedimos encarecidamente ao nosso Governo para resolver os problema dos docentes, por favor, nós queremos estudar”, suplicou Margarida Mendes, estudante de quarto ano, acrescentando que “já temos a covid-19, agora mais com a paralisação das aulas? Já chega queremos estudar”.
Salvador dos Santos, estudante no quarto ano de Direito, disse ter participado na marcha por sentir-se prejudicado e pediu o diálogo entre o Governo e os docentes universitários.
Entretanto, o representante do MEA no Uíge, e organizador da marcha, Guimarães Canga, que fez um balaço positivo da actividade, acusou o Governo de ser “ negligente” quanto à greve dos professores no ensino superior.
“Já se passaram cerca de 40 dias e o Governo está sempre no silêncio, isso mostra uma clara negligência ou falta de interesse por parte do Governo”, acusa, Ganga, quem Ganga, prometeu ainda que, caso de o Executivo não resolva o problema o mais rápido possível, “as manifestações serão permanentes nos próximos dias em todo país”.
Por sua vez, o activista de direitos humanos Leu Paxe Kenyata, que abraçou a causa dos estudantes, considerou a greve de uma violação dos direitos humanos dos estudantes.
“É um direito que está ser violado, como jovens estudantes têm direito às aulas e por questões políticas ou administrativas os professores estão em greve e não está ser possível a retoma das aulas, nós condenamos isso, por isso é que estamos aqui a dar o nosso apoio”, disse.
Os professores do ensino superior encontram-se em greve interpolada por melhores condições de trabalho, principalmente por melhores salários.
Eles exigem também a realização de eleições para os cargos de gestores das faculdades e universidades, assistência médica e medicamentosa dos docentes, harmonização dos planos curriculares, a formação contínua dos professores, condições como a construção de cidades universitárias no país, aposta na investigação cientifica e melhores condições dos laboratórios ebibliotecas são os oito pontos por resolver do caderno reivindicativo professores universitários.
Na semana passada, o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação reconheceu que a situação é complexo, mas que está a trabalhar para tentar solucionar os problemas levantados pelos professores.